As populações das cidades próximas do vulcão Popocatepetl, no México, ignoraram os alertas de evacuação das autoridades. Muita gente justifica a recusa em sair por temer pilhagens e a morte dos seus animais.
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As populações das cidades próximas do vulcão Popocatepetl, no México, ignoraram os alertas de evacuação das autoridades, preferindo dirigir-se para
zonas onde pudessem observar melhor os jactos de fumo e cinzas.
As autoridades andaram pelas ruas a alertar cerca de 40 mil pessoas de 17 cidades situadas na base do vulcão para que abandonassem a área, a primeira evacuação desde 1994.
O vulcão registou esta semana a mais forte actividade desde há dois anos e as autoridades estão em alerta face ao risco de uma violenta erupção, que pode ocorrer «a qualquer momento», de acordo com o director do Centro Nacional de Prevenção de Calamidades, Roberto Quass.
Segundo a mesma fonte, às 06:47 (12:47 em Lisboa), o centro registou uma violenta projecção de cinzas e fotografias tiradas ao interior da cratera mostram claramente a formação de uma capa de lava.
A lava e os gazes provocam um efeito de «panela de pressão», que pode explodir a qualquer momento.
O vulcão, com uma profundidade de mais de cinco mil metros, inactivo desde Dezembro de 1994, é visível desde a Cidade do México, a mais populosa metrópole do mundo.
Uma erupção total do Popocatepetl, localizado 65 quilómetros a sueste da Cidade do México, poderia cobrir com cinzas as áreas metropolitanas onde residem cerca de 20 milhões de pessoas.
As pequenas comunidades, como Santiago Xalitzintla, situadas na base do vulcão correm um risco muito maior porque serão afectadas directamente pela lava e pelos detritos, caso se registe uma erupção.
Os habitantes destas zonas não parecem, no entanto, preocupados e limitam-se a observar o vulcão com curiosidade, ignorando os apelos das autoridades para que evacuem as zonas.
Vários autocarros foram enviados para as zonas de maior perigo para transportar as pessoas para localidades mais seguras mas regressaram quase vazios.
Muitas pessoas justificaram a recusa em sair por temerem que os bens sejam roubados ou que os seus animais morram à fome.
Os detectores de terramotos registaram uma actividade com uma intensidade nunca antes registada no interior do vulcão, indicando uma provável movimentação de magma. Os sismos fizeram tremer algumas cidades perto do vulcão.
Na quinta-feira, o vulcão projectou cinzas num raio de 80 quilómetros e "cuspiu" fragmentos incandescentes. Os habitantes das vilas circundantes andavam nas ruas com máscaras para evitar a inalação de cinzas.