A sonda espacial europeia Mars Express detectou concentrações de vapor de água e metano nos mesmos locais da atmosfera de Marte, o que poderá constituir um «índice suplementar» da existência de vida no planeta vermelho.
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Um comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA) refere que as descobertas permitem «compreender melhor os processos geológicos e atmosféricos específicos de Marte, e abre novas pistas sobre a existência actual de vida» no planeta.
As análises feitas por um espectrómetro planetário italiano (conhecido por PFS), um dos sete instrumentos científicos a bordo da Mars Express, concluem que a uma altitude entre 10 a 15 quilómetros da superfície o vapor de água encontra-se na atmosfera de maneira uniforme e está intimamente misturado com outros componentes.
O PFS permitiu também fazer «a mesma cartografia com o metano, e vê-se que há uma correlação espacial entre os dois», disse Roberto Loverde, porta-voz da ESA para as questões científicas.
Para Vittorio Formisano, um dos responsáveis da missão europeia a Marte, «os dados indicam seguramente que o vapor de água e o metano provêm de uma mesma fonte, que estaria no subsolo».
O fenómeno seria idêntico ao produzido nas fontes hidrotermais da Terra, com a diferença de que a água em Marte não acederia ao exterior, ao congelar-se no subsolo, devido às baixas temperaturas que ali se registam.
Segundo Formisano, estas constatações científicas sugerem duas hipóteses. A primeira é que o metano detectado na atmosfera de Marte proviria do interior do planeta e nada teria a ver com possíveis formas de vida, já que poderia ter ficado retido junto à água gelada durante centenas de anos antes de alcançar a superfície.
A segunda hipótese seria que no subsolo de Marte poderia haver água em estado líquido a uma profundidade de entre 200 e 400 metros, de que proviriam metano e vapor de água e onde existiriam formas de vida muito elementares, como as bactérias.