O Bloco de Esquerda entende que a precariedade no trabalho atinge quase dois milhões de pessoas. Esta questão vai estar na base da interpelação que este partido faz ao Governo esta quinta-feira.
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O Bloco de Esquerda entende que a precariedade no trabalho atinge quase dois milhões de portugueses, razão que leva este partido a fazer, esta quinta-feira, uma interpelação ao Governo sobre a questão.
Segundo Mariana Aiveca, mais 1,8 milhões de portugueses são contratados a prazo, trabalhadores a recibos verdes, têm trabalho não declarado ou estão numa situação de subemprego visível.
Ainda de acordo com esta deputada, uma «maioria substancial» das pessoas com precariedade no trabalho «são jovens qualificados».
«Só na Administração Central tem 117 mil pessoas a recibo verde. O Governo nem sequer consegue dar conta do recado dentro da Administração Pública», assinalou.
Por esta razão, considera a parlamentar, o «Governo fica muito fragilizado quando nos vem prometer combater a ilegalidade dos recibos verdes nas empresas privadas».
O Bloco de Esquerda defende ainda a integração de todos os trabalhadores precários da Administração Pública e entende que os contratos a prazo não devem exceder um ano.
Na interpelação que fará ao Governo, o Bloco pretende ainda confrontar o ministro do Trabalho com as promessas feitas por diversas vezes de contratar mais cem inspectores de trabalho.
De acordo com Mariana Aiveca, o quadro de inspectores é de 538 funcionários, contudo, apenas 288 vagas estão preenchidas.
«O ministro do Trabalho já prometeu sete ou oito vezes cem novos inspectores. Se essa promessa fosse cumprida teríamos 700 inspectores de trabalho, mas continuamos a ter 288», explicou.
Para Mariana Aiveca, com a falta de inspectores não pode haver uma inspecção séria, o que faz com que «as empresas façam o que querem e dos trabalhadores, especialmente dos mais jovens, uma bola de trapos».