O presidente da Casa do Douro garante que já encontrou soluções para pagar a totalidade das dívidas ao Estado e aos bancos, no dia em que foi anunciado que o conselho de viticultores da instituição aprovou por maioria a venda à Global Wines de 51 por cento do capital que detém na Real Companhia Velha.
Corpo do artigo
O conselho de viticultores da Casa do Douro aprovou este sábado, por maioria, a venda à Global Wines de 51 por cento do capital que detém na Real Companhia Velha, negócio que permitirá pagar 20 milhões de euros de dívidas ao Estado.
A percentagem a vender corresponde a dois milhões e 40 mil acções dos quatro milhões que a Casa do Douro detém na Real Companhia Velha.
A direcção da Casa do Douro vai prosseguir as negociações com a Global Wines, que pertence à Dão Sul - Sociedade Vitivinícola, nos próximos 90 dias, tendo posteriormente o conselho de ratificar o negócio.
Dos conselheiros presentes na reunião de hoje, apenas um votou contra a proposta da direcção, registando-se ainda duas abstenções.
O presidente da Casa do Douro, Manuel António Santos, afirmou que se trata de «um negócio que representa bastante dinheiro».
«Estamos convencidos que com esta operação a breve prazo entregaremos cerca de 20 milhões de euros ao Estado», declarou Manuel António Santos.
Do total da verba conseguida com a venda, a Casa do Douro deve dar imediatamente ao Estado 85 por cento, o que corresponde aos cerca de 20 milhões de euros referidos.
O presidente disse ainda que há cerca de dois meses a instituição tinha dívidas globais no valor de 125 milhões de euros e, nas últimas semanas, através da venda de vinhos, conseguiu diminuí-la em 20 milhões.
O negócio com a Global Wines permitirá ao organismo reduzir a dívida para 80 a 85 milhões de euros.
«E ainda temos vinhos em armazém e património que ultrapassam em duas vezes esta dívida», adiantou Manuel António Santos.
O dirigente salientou que o problema da instituição nunca foi financeiro, mas que resultou da perda de competências e do abandono a que foi votada.
«Estamos a ser vítimas de um conjunto de retaliações que nos podem levar proximamente a que nos digam que deixaremos de ser uma associação pública», lamentou.
Manuel António Santos disse que a Casa do Douro vai participar numa empresa que vai trazer «muitos postos de trabalho e progresso para a Região Demarcada do Douro».
Além do negócio de vinhos, que integra quintas no Douro, Dão, Bairrada, Alentejo e Estremadura, a Dão Sul possui ainda a Vinibrasil (no Estado brasileiro do Pernambuco), através da qual obtém duas produções de vinho por ano, dedicando-se também ao enoturismo.
«Nós estamos muito reconhecidos à Global Wines e aos seus administradores, mas não podemos deixar de manifestar o nosso apreço pela actividade que o senhor comendador Joe Berardo teve connosco ao longo dos dois últimos anos», declarou Manuel António Santos.
O empresário vai visitar o Douro na próxima quarta-feira e quinta-feira acompanhado pela direcção da Casa do Douro e poderá anunciar, segundo Manuel António Santos, «a sua vontade de participar e de levar por diante um enorme investimento no Douro».