O presidente do Partido dos Trabalhadores, do presidente brasileiro Lula da Silva, demitiu-se, este sábado, na sequência do escândalo de corrupção "mensalão". Esta demissão ocorre horas depois de um dirigente do PT ter sido detido quando tentava embarcar num aeroporto com 155 mil euros em dinheiro.
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O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente brasileiro Lula da Silva, anunciou, este sábado, a sua demissão do cargo, no decurso de um escândalo de corrupção que envolve vários dirigentes do partido e que ficou conhecido como "mensalão".
«Considero que não deveria continuar a presidir ao partido. Faço isso com o sentimento do dever cumprido nos 30 meses em que estive à frente do PT. Sempre encarei isso com uma missão», disse José Genoíno, numa conferência de imprensa, em São Paulo.
A demissão foi anunciada no início da reunião da Direcção Nacional do PT, a instância máxima do partido, que está reunida em São Paulo para analisar a mais grave crise política desde o início do Governo de Lula da Silva, em Janeiro de 2003.
A demissão de Genoíno acontece depois de terem sido feitas várias denuncias que envolvem vários dirigentes do partido em suspeitas de corrupção.
O escândalo já levou, também, à demissão do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, e do tesoureiro, Delúbio Soares.
A última "queda" aconteceu na sexta-feira, com a detenção de José Adalberto Vieira da Silva, secretário do PT no Estado do Ceará, quando tentava embarcar num aeroporto em S. Paulo, com 155 mil euros em dinheiro.
Recorde-se que a legislação brasileira determina que, para transportar dólares no país, é preciso comprovar que a quantia foi obtida numa instituição autorizada.
O dirigente transportava 200 mil reais (70 mil euros) dentro de uma mala e o restante em notas de dólar presas ao corpo, quando foi detido e encaminhado para uma esquadra da polícia.
José Adalberto Vieira da Silva trabalha para o irmão de José Genoíno, o deputado estadual pelo Ceará, José Nobre Guimarães. Segundo alguns analistas polícticos, esta detenção terá sido a "gota d'água" que levou á demissão do presidente do PT.
Um escândalo chamado "mensalão"
O esquema de corrupção, tornado público nas últimas semanas pela imprensa brasileira, envolve a participação do publicitário Marcos Valério, ligado ao PT.
De acordo com as denúncias feitas, Marcos Valério utilizava parte dos recursos recebidos por serviços prestados a empresas públicas para pagar uma verba mensal - "mensalão" - a vários parlamentares em troca de apoio aos projectos do Governo de Lula da Silva.
Documentos oficiais comprovam que Marcos Valério foi avalista de pelo menos dois empréstimos do PT junto de bancos privados, no valor total de 1,8 milhões de euros (cinco milhões de reais).
Os mesmos documentos revelam que os empréstimos foram aprovados pelo então presidente do PT e pelo tesoureiro do partido Delúbio Soares.