O quadro «Dona e Senhora do Seu Próprio Destino», da artista portuguesa Carla Cerejo, foi adquirido pelo principado das Astúrias no âmbito do Prémio Internacional de Pintura que a instituição promove anualmente.
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«Dona e Senhora do seu Próprio Destino» representa «uma não aceitação da subjugação, porque nós só somos subjugados se aceitarmos», explicou Carla Cerejo à TSF Online.
No quadro, vemos uma marioneta feminina, deitada no chão, que recusa ser manipulada. Representa «uma pessoa que acredita nas suas próprias capacidades», salienta a artista.
A obra foi adquirida por seis mil euros pela Junta General do Principado das Astúrias no âmbito do III Prémio Internacional de Pintura. A concurso estavam mais de 140 obras, das quais foram seleccionadas apenas 20.
O concurso prevê duas distinções: um primeiro prémio, que foi atribuído ao pintor Benjamín Menéndez pela obra «Memória» e uma segunda que se concretiza na aquisição de uma obra pelo valor de seis mil euros.
A obra escolhida para aquisição foi «Dona e Senhora do seu Próprio Destino», de Carla Cerejo, que agora passa a fazer parte do espólio do Principado das Astúrias. A artista portuguesa, nascida em 1973, era a segunda concorrente mais nova do concurso.
Arte pela afirmação da mulher
Carla Cerejo explica que «a afirmação da mulher» é um tema recorrente nos quadro que pinta, porque considera «que ainda há muito a fazer nesse sentido, tanto em termos sociais como psicológicos».
É o caso «Dona e Senhora do seu Próprio Destino» onde um olhar mais atento nos revela uma luta entre a marioneta feminina, deitada no chão, e o Joker (personagem reincidente na obra de Carla Cerejo) que a tenta manipular.
«Há poucos incentivos fora de Lisboa»
Como jovem artista, Carla Cerejo reconhece que Portugal «está a acordar para muita coisa» mas salienta que «ainda é preciso melhorar algumas coisas», como por exemplo, «promover mais concursos para que os artistas possam dar a conhecer o seu trabalho às grande autoridades artísticas».
Carla Cerejo salienta que para os artistas que vivem fora de Lisboa a vida torna-se ainda mais complicada. «Os concursos portugueses não são publicitados na Internet o que torna difícil a sua divulgação, sobretudo fora da capital. Ás vezes quando sabemos dos regulamentos já é tarde para concorrer», confessa.
Em Espanha, há mais concursos, mais centros culturais e as oportunidades estão mais descentralizadas. Em Portugal são quase sempre «os artistas que têm de procurar e mostrar o seu trabalho».
«Um trabalho continuado»
Carla Cerejo reside na Batalha e terminou curso de artes plásticas na faculdade de Belas Artes de Lisboa, em 2000. Para quem está a dar os primeiros passos nas artes, a jovem artista avisa: «é preciso darmos muito de nós próprios, trabalhar, ler, investigar... É um trabalho muito continuado».
Neste momento, o seu trabalho pode ser visto no Porto, numa exposição colectiva da galeria Arte&Manifesto, e na Batalha, na galeria Mouzinho de Albuquerque, onde está patente uma exposição individual de gravura até fim do ano.