Resolvidos problemas técnicos registados nos últimos meses, a NASA prepara-se para outra missão de construção na Estação Espacial Internacional (EEI), a instalação de uma porta principal para os astronautas que fazem passeios espaciais.
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Depois de um mês de atraso, o vaivém espacial Atlantis está preparado para levantar voo na quinta-feira com o Air Lock, um dispositivo avaliado em 39 milhões de contos.
A câmara de pressão vai completar uma fase crucial de construção da Estação, que tem já cerca de dois anos e meio, e permitir que os seus residentes tenham um acesso facilitado ao exterior do complexo orbital.
No entanto, as dificuldades financeiras que a NASA está a atravessar podem comprometer alguns projectos de investigação científica inicialmente previstos para serem conduzidos a bordo da EEI.
Com o orçamento da estação espacial a ultrapassar os 956 milhões de contos durante os próximos cinco anos, a NASA está a ver-se obrigada a cancelar projectos importantes, e a cortar despesas na estação Alfa (EEI) e na sua força de trabalho em órbita e na Terra.
Esta estratégia de ir ao encontro do orçamento definido pelo presidente norte-americano George Bush poderá limitar a estação espacial internacional a uma tripulação de três pessoas, o número actual, em vez dos previstos seis ou sete astronautas. Isto poderá ter consequências drásticas para a investigação a bordo do laboratório espacial descrito pela NASA como o mais sofisticado alguma vez em órbita.
Nos moldes actuais, dois residentes da estação espacial passam todo o seu tempo envolvidos na manutenção da plataforma, enquanto o terceiro ainda dedica uma boa parte de cada dia a essas operações. O trabalho científico é mínimo.
Além destas dificuldades orçamentais tem havido problemas com o equipamento.
Em Abril, os computadores de comando e controlo registaram problemas sucessivos, comprometendo os trabalhos na estação espacial. O eixo de ligação do ombro do recentemente instalado braço robotizado canadiano teve de ser reparado entre Maio e Junho através de software, atrasando o voo do Atlantis.
Um antigo executivo aeroespacial, Thomas Young, que está a conduzir uma avaliação externa aos problemas orçamentais da NASA, teme que os objectivos de investigação da estação espacial entrem numa «espiral negra» se os cortes previstos se concretizarem.
Cortando em investigação e comercialização, e eliminando módulos e componentes da estação (como uma nave salva vidas norte-americana e compartimentos que acomodariam sete pessoas), a NASA espera fazer economias.
Michael Hawes, representante de um administrador associado da EEI, lembra que os problemas da NASA significam problemas para a Agência Espacial Europeia, a Agência Espacial Japonesa e a Agência Espacial Canadiana.
Estes países contavam com tripulações completas para poderem conduzir as suas próprias investigações e colocar a bordo astronautas nacionais. De facto, os italianos admitem fornecer o módulo de habitação à NASA para que seja possível o voo de mais astronautas deste país.
A NASA diz que não percebeu a magnitude de construir e tripular uma estação espacial internacional até ao lançamento do módulo de serviço russo há cerca de um ano.
O módulo de serviço, essencialmente os compartimentos da tripulação, entrou em órbita a 12 de Julho de 2000, com mais de dois anos de atraso devido à crise económica russa.
O atraso revelou-se caro para a NASA, uma vez que a agência espacial norte-americana teve de efectuar testes suplementares e dinamizar uma força de trabalho para garantir a manutenção da estação.
Na semana passada, por outro lado, um inspector da NASA divulgou que a agência espacial gastou 23 milhões de contos e 19 meses de trabalho num módulo de propulsão para a estação espacial antes de se aperceber que o design do dispositivo era inaceitável. O projecto foi cancelado em Março.