Organizações de produtores de horto-frutícolas de todo o país reúnem-se hoje à tarde em Benfica do Ribatejo para criarem uma associação nacional que defenda os seus interesses junto da indústria e das instituições nacionais e comunitárias.
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Organizações de produtores de horto-frutícolas de todo o país reúnem-se hoje à tarde em Benfica do Ribatejo para tentarem criar uma associação nacional que defenda os seus interesses junto da indústria e das instituições nacionais e comunitárias.
No encontro, promovido pela Associação Portuguesa dos Produtores de Tomate (APPT), afecta à Confederação Nacional de Agricultores (CNA), serão discutidas questões como a necessidade de se negociarem com a indústria preços de base justos, os prazos para esses pagamentos.
Pretende-se igualmente perceber quem vai gerir as quotas de produção atribuídas a Portugal.
Amândio de Freitas, dirigente da APPT, disse à agência Lusa que se faz sentir a necessidade de uma organização nacional de produtores horto-frutícolas, que possa ser interlocutor tanto junto das instituições nacionais como comunitárias, bem como dar força às negociações com as indústrias.
A nível nacional existirá meia centena de organizações e agrupamentos de produtores horto-frutícolas, os quais decidirão hoje se aderem ou não à que deverá vir a chamar-se Federação Nacional das Organizações de Produtores, cujo processo de formação já foi iniciado, segundo Amândio de Freitas.
Mais apoios
Essa associação terá, no seu entender, outro peso na negociação dos preços de base com a indústria, tanto mais que a Comunidade deixou de impor um preço mínimo, por exemplo para o tomate, ao contrário do que acontecia no passado.
Para Amândio de Freitas, mais do que o aumento de quota - a quota de tomate passou de pouco mais de 900 mil toneladas para um milhão e 50 mil -, os produtores esperavam mais apoio.
«Ou seja, deram-nos mais trabalho e menos dinheiro», afirmou, acrescentando que a luta da CNA junto da Comissão Europeia foi no sentido, não do aumento da quota, mas de conseguir que esta aceitasse os 9,70 de ajuda à produção aprovados pelo Parlamento Europeu, ao invés dos 6,90 atribuídos.
A batalha é agora conseguir junto da indústria que o preço a pagar pela sua parte não permita que os agricultores recebam abaixo dos 18 escudos por quilo, recebidos na campanha de 2000.
Para Amândio de Freitas, abaixo desse valor «não é possível fazer tomate em Portugal».
Prazos alargados
Os produtores contestam, por outro lado, os prazos alargados para pagamento, 15 de Janeiro, alegando que, até receberem a totalidade do dinheiro a que têm direito, estão a pagar juros elevados à banca.
Segundo o dirigente da APPT, neste momento a maioria dos produtores apenas recebeu cerca de metade do que as fábricas lhes devem.
Em discussão estará ainda a questão da gestão das quotas atribuídas a Portugal, entendendo Amândio de Freitas que o facto de não ser previamente definida a quota para cada fábrica permitirá a «selva», já que o INGA apenas se limitará a declarar se foi ou não atingido o limite previamente definido.