Milhares de professores começaram, esta tarde, a descer a Avenida da Liberdade, em Lisboa, num protesto nacional contra a revisão do Estatuto da Carreira Docente. A contestação foi agendada por 14 sindicatos.
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Trata-se da maior manifestação de sempre de professores desde o 25 de Abril.
Este aspecto é salientado por Paulo Sucena, dirigente da FENPROF, que aponta para 30 mil docentes a participarem no protesto, «um número extraordinário», embora a polícia mencione apenas 15 mil.
Ao longo da Avenida da Liberdade, onde decorre a marcha, podem ler-se cartazes com frases como «professores em luta» e ouvir-se palavras de ordem como «categoria há só uma, professor e mais nenhuma» e «direitos são para manter, não são para abater».
Os professores protestam contra a «imposição de um novo estatuto» da carreira docente, exigindo uma «negociação séria e efectiva» com o Governo.
João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatoos da Educação (FNE), afirmou à TSF que a forte participação nesta manifestação é uma prova de que professores e educadores estão profundamente insatisfeitos «com esta proposta que a ministra da Educação tem em cima da mesa».
A divisão da carreira em duas categorias, com quotas estabelecidas para subir de escalão e aceder à segunda e mais elevada, é uma das principais propostas de Maria de Lurdes Rodrigues que está a ser contestada pelos sindicatos.
O exame de ingresso ou a avaliação de desempenho dependente de critérios como a apreciação dos pais e a taxa de insucesso e abandono escolar dos alunos são outras das questões que têm provocado divergências entre as organizações sindicais e a tutela.
O dirigente sindical João Dias da Silva considera que o mais importante é colocar em primeiro lugar a qualificação e valorização dos professores, não a poupança aos cofres do Estado.
«Queremos que da parte do Ministério da Educação haja disponibilidade para analisar se o estatuto deve ter uma orientação predominantemente pedagógica e não apenas a preocupação de poupar dinheiro aos cofres do Estado», afirmou Dias da Silva.
A marcha dos docentes na Avenida da Liberdade, que acontece no Dia Mundial do Professor, com o lema «professores todos juntos na mesma luta», segue até ao Rossio, onde se realizará um plenário para agendar formas de luta para os próximos tempos.
Paulo Sucena, da FENPROF, explicou à TSF que a greve é uma forte possibilidade caso o Ministério da Educação não mude de atitude nas negociações do estatuto da carreira docente.