O projecto de combate ao cancro, usando computadores pessoais em todo o mundo, conta com uma directora associada portuguesa. Maria João Ramos é professora da Faculdade de Ciências, no Porto, e falou sobre o projecto à TSF.
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«Cancer Reserch Project» pretende reunir computadores um pouco por todo o mundo, numa espécie de rede global, para tentar descobrir novas técnicas de cura e tratamento do cancro.
Maria João Ramos começou por dizer que, pessoalmente, é «extraordinariamente emocionante e ainda melhor é estar directamente envolvida nessa aventura», já que é directora associada do projecto, conjuntamente com outros três cientistas.
A investigadora portuguesa considera que o importante do projecto, para as pessoas se registarem como participantes, «é validar um novo instrumento que ajuda a combater doenças. Se este programa resultar, e estamos plenamente confiantes de que resulte, e que se baseia unicamente na solidariedade humana, nós conseguiríamos validar esse instrumento».
«O que estamos a tentar fazer é testar todas as moléculas, todas as configurações que estas moléculas podem adoptar, ou pelo menos um grande número delas, e ainda moléculas que são desenhadas de novo, porque não existem, e assim podemos chegar ao desenvolvimento de drogas novas que combatam eficazmente o cancro», continuou.
Sobre a participação dos «internautas» portugueses nesta mobilização mundial, Maria João Ramos disse que esperar a sua participação.
«Pensamos que cerca de seis milhões de pessoas vão aderir ao projecto em todo o mundo. Há pouco tempo houve um caso de solidariedade humana em que os portugueses foram extraordinários, que foi o exemplo de Timor-Leste. Novamente é apenas um caso problema de solidariedade humana. Não há prémios, não há quaisquer outras razões», salientou.
Os objectivos do programa são «em primeiro ligar combater o cancro, em segundo validar um novo instrumento que ajude a combater doenças, a parte computacional, e em terceiro lugar ajudar a combater as doenças raras, que ocorrem em menos de 200 mil indivíduos, e que são ignoradas no mundo inteiro, porque se torna extraordinariamente caro fazer investigação e ao avançar com isto estamos a abrir as portas para fazer a investigação a essas doenças», disse ainda.
«Neste caso não há qualquer pedido de donativo, não há qualquer custo envolvido na participação, não há qualquer perigo de transmissão de vírus. Eu acho que o cancro é uma doença que está tão presente na nossa vida, nos Estados Unidos morre uma pessoa por minuto, de cancro. Por isso espero que os portugueses achem que é uma boa razão para aderir», acrescentou a investigadora.
A indústria farmacêutica
Sobre o inevitável cruzamento com a indústria farmacêutica deste projecto, que terá a partir de dado momento outra capacidade para fazer evoluir os resultados, a directora do Cancer Reserch Project declara que «nós somos financiados por uma instituição americana com fins não lucrativos e não dependemos de qualquer indústria farmacêutica».
«Isso significa que não devemos favores a ninguém e os nossos objectivos são de dar a conhecer à sociedade todos os resultados que obtivermos. Depois teremos que os envolver no processo, porque alguém terá que fazer as moléculas, portanto, nessa altura sim», concluiu Maria João Ramos em entrevista concedida à TSF.