Depois da morte de um ecologista que, no passado sábado, ateou fogo ao próprio corpo em protesto contra a anunciada construção de fábricas de álcool no Pantanal, os deputados regionais decidiram, esta quinta-feira, retirar o polémico projecto.
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A morte do ecologista, de 65 anos, está na origem de um conflito entre o governo central e o executivo do Estado brasileiro de Mato Grosso do Sul.
No passado sábado, Francisco Anselmo Barros resolveu atear fogo ao próprio corpo em protesto contra a instalação de um projecto industrial na bacia de Alto Paraguai.
O ecologista acabou por não resistir aos ferimentos, tendo sido o funeral realizado na quarta-feira.
Depois de instalada a comoção perante o sacrifício de Francisco Anselmo Barros, os deputados regionais decidiram, esta quinta-feira, retirar o polémico projecto apadrinhado pelo governador de Mato Grosso do Sul.
Em declarações à TSF, a viúva de Francisco Barros, Iracema Anselmo, disse que a atitude do marido foi «consciente», e que este «agiu de forma sóbria, sem desespero».
«Ele agiu como sendo este o mecanismo que pudesse sensibilizar os homens a retirar este projecto», afirmou
Questionada sobre as indicações por parte do governo em relação à intenção de colocar as 22 fábricas de álcool, Iracema Anselmo referiu que recebeu um «telefonema de alguém afirmando que estavam a retirar o projecto para o arquivar».
No Brasil, a implantação deste tipo de actividade económica é proibida na região desde 1985, mas o governador do Estado de Mato Grosso do Sul encaminhou à assembleia do Estado um projecto-lei que permite a construção de indústrias de álcool e açucar em pelo menos 30 municípios da bacia de Alto Paraguai.