O PS chumbou esta quinta-feira, contra toda a oposição, um voto de saudação do PCP a elogiar o «empenhamento e participação cívica» dos professores na manifestação de sábado, que reuniu cerca de 100 mil pessoas em Lisboa.
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Na hora da votação, apenas uma deputada do PS, Teresa Alegre Portugal, se absteve. O PSD e o CDS, votaram ao lado do PCP, do Bloco de Esquerda (BE) e dos Verdes no voto.
«Este não é um voto contra ninguém, é apenas um voto de louvor a uma classe profissional», defendeu o deputado comunista António Filipe.
Da parte da bancada da maioria, coube ao deputado do PS Jorge Strecht explicar - uma câmara que o ouviu em silêncio - o «não» dos socialistas, acusando os comunistas de «tentativa de instrumentalização» da marcha dos professores.
«Qualquer tentativa de instrumentalização tem, da nossa parte, um inequívoco 'não'», afirmou Jorge Strecht, sublinhando que «o estado democrático em Portugal funciona regularmente».
«Nunca este Parlamento, esta Assembleia da República se viu louvar o exercício de um direito constitucional», justificou.
As outras bancadas, à excepção da do partido do Governo, deram o seu apoio ao voto de louvor do PCP à «maior manifestação jamais realizada em Portugal em defesa da escola pública».
Pedro Duarte, deputado e porta-voz do PSD para a educação, anunciou o apoio da sua bancada, expressando ainda «a solidariedade com uma classe, os professores, que tem sido alvo de uma hostilidade gratuita por parte do primeiro-ministro e da ministra da Educação».
Diogo Feio, líder parlamentar do CDS-PP, disse apoiar o voto, «independentemente das diferenças ideológicas» com o PCP, elogiou a defesa do «papel dos professores na escola» e afirmou ser contrário a um sistema de avaliação «injusto, apressado e inadequado».
A deputada do BE Ana Drago considerou que este era «um voto mais do que devido» aos professores que, na manifestação, «demonstraram como a democracia está viva».
Já para Heloísa Apolónia, dos Verdes, a manifestação de sábado «foi uma lição de civismo e de empenho de milhares de pessoas».