O PSD acusa o Governo de «falta de vontade política» para combater a tuberculose e pretende pressionar o executivo através de recomendações a apresentar quinta-feira no Parlamento, que o PS só viabilizará com «algumas alterações».
Corpo do artigo
As recomendações surgiram face «aos indicadores da tuberculose em Portugal», que «não são assumidos pelo governo com a dimensão que mereciam», justificou à Lusa o coordenador do PSD para a área
da saúde, Carlos Martins.
«As respostas que o governo dá à preocupante dimensão da tuberculose são insuficientes», frisou.
O conjunto de recomendações dos sociais-democratas preconiza, entre as «medidas urgentes» necessárias para «um mais eficaz combate à tuberculose», a criação de «uma rede com cobertura nacional de cuidados específicos».
Esta rede terá de ser «dotada de mais meios para os cuidados domiciliários, para o rastreio e para a boa aplicação dos esquemas curtos de toma observada directamente e de quimioterapia».
«Uma clara aposta nos programas focais e localizados, além de um capaz plano de vacinação à nascença - eventualmente com reforço aos 11/13 anos» enquanto permanecerem as taxas de incidência da tuberculose em Portugal (47 casos por cem mil habitantes) é outra das medidas preconizadas pelos sociais-democratas.
São dez as «medidas activas» que o PSD defende com o objectivo de reforçar um programa específico sério de combate à doença, como o «aumento dos recursos humanos e meios técnicos dos Centros de Diagnóstico Pneumológico, com atenção particular às zonas de maior incidência do país».
Para a deputada socialista Luísa Portugal, encarregada de analisar a questão da tuberculose, o aumento dos recursos humanos é uma reivindicação com «falta de rigor», tendo em conta a carência de profissionais nesta área.
«Quanto muito podemos falar numa rentabilização dos recursos existentes», disse à Lusa.
Sobre a proposta dos sociais-democratas no sentido da «criação de mais equipas de rastreio e acompanhamento junto de populações de risco, designadamente imigrantes, toxicodependentes e reclusos»,
Luísa Portugal adianta que a mesma «não faz muito sentido».
«Levaremos em conta as recomendações do PSD se, eventualmente, forem alterados alguns aspectos», sintetizou a deputada.
O PSD defende ainda a «generalização dos cuidados domiciliários, da quimioprofilaxia e dos esquemas de toma observada directamente em áreas-problema e/ou em programas focais de erradicação da tuberculose», bem como o «apoio a programas locais de combate à doença em articulação com as autarquias e entidades sociais».
O «apetrechamento das unidades hospitalares com condições para internamento de doentes tuberculoses», a «melhoria da informação aos doentes e familiares sobre a doença», a «vacinação universal» e uma campanha de prevenção da doença e promoção da saúde, com especial enfoque nos adultos jovens são outras das recomendações do PSD que defende a «actualização e divulgação das estatísticas nacionais referentes à tuberculose».
A acompanhar estas medidas, os sociais-democratas pretendem a «avaliação anual do programa de luta contra a tuberculose por entidades externas credíveis».
O programa - cuja execução é da responsabilidade das Administrações Regionais de Saúde (ARS) - foi elaborado pela extinta Comissão Nacional de Luta Contra a Tuberculose (CNLCT), criada por despacho ministerial de 21 de Outubro de 1994 e que terminou funções a 4 de Fevereiro deste ano.