O PSD concorda com os alertas feitos numa carta dirigida ao ministro da Defesa pelo chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Mendes Cabeçadas, em que chama a atenção para as especificidades da carreira militar e condena a equiparação da mesma aos funcionários civis.
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O PSD reagiu à carta pela voz do deputado Jorge Neto que considera que racionalizar não pode significar fazer cortes cegos.
«Há que não perspectivar a resolução destes problemas de uma forma cega e arbitrária», afirmou.
«Estamos de acordo com uma racionalização e contenção dos gastos públicos, é uma questão prioritária, mas é preciso não esquecer que as especificidades da condição militar exigem uma diferenciação de tratamento em alguns aspectos, nomeadamente no que concerne à saúde e à segurança social», prosseguiu.
O deputado Jorge Neto considera que a carta deve ser entendida como um alerta ao Governo e que não vai provocar qualquer incómodo nas Forças Armadas.
«Estou absolutamente convicto até pela superioridade ímpar do desempenho das funções do general Mendes Cabeçadas que o que está na génese desta carta é contribuir para o reforço da coesão e do disciplina no seio das Forças Armadas, chamando a atenção do poder político para a especificidade da função militar», disse.
Num outro olhar, Tasso Figueiredo, da Associação de Oficiais das Forças Armadas, afirma que esta carta vem apenas confirmar queixas antigas.
«A carta vem confirmar tudo aquilo que as associações militares vêem dizendo ao longo do último ano e meio, que a condição militar tem especificidades próprias e que os militares carecem de uma grande tranquilidade para desempenharem cabalmente as suas missões», adiantou.
A Associação de Oficiais das Forças Armadas considera mesmo que esta carta serve de alerta para a opinião pública e revela uma incompreensão do problema dos militares por parte do Governo.
Numa análise à missiva, o general Loureiro dos Santos, ouvido pela TSF, considera que este é um sério recado das chefias militares ao poder político.
O general diz ainda que agora que a carta é tornada pública, o Executivo já não tem desculpas.
«O país ficou a saber que os chefes militares alertaram solenamente o Governo para a situação que se vive nas Forças Armadas e para aquilo que pode vir a acontecer», afirmou.
O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, que se encontra em fim de mandato, enviou uma carta ao ministro da Defesa em jeito de lamento. Na próxima semana, Mendes Cabeçadas vai ser substituído no cargo pelo general Valença Pinto.