O secretário-geral do PSD, Ribau Esteves, pediu ao PS para dar «tranquilidade e autonomia» ao BCP, isto após se conhecer a intenção de Miguel Cadilhe de se candidatar à presidência do BCP. O porta-voz do PS, Vitalino Canas, considera que estas declarações são um «tiro no pé» para o PSD.
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O PSD desafiou o Governo a dar «tranquilidade e autonomia» ao BCP, isto depois de formalizada a candidatura de uma lista de Miguel Cadilhe ao Conselho de Administração Executivo do banco.
Ouvido pela TSF, o secretário-geral dos sociais-democratas frisou que «é absurdo e inédito, no que é conhecido das economias ocidentais, que se transponha duas das principais figuras de um banco público para o maior banco privado do país».
«Isto é muito preocupante no que é a liberdade de autonomia das empresas privadas fazerem o seu caminho sem a interferência permanente dos poderes públicos e poderes políticos instalados», afirmou Ribau Esteves.
O secretário-geral do PSD considerou que Miguel Cadilhe é um «homem de absoluta independência intelectual» e desejou que os accionistas do BCP escolham a «melhor das soluções» para o seu banco.
«E que possam dar um grito de alerta bem alto a toda a gente, especialmente ao Governo da Nação, que o banco é deles e que as interferências de natureza politico-partidária não são positivas para a gestão de um banco privado», concluiu.
Entretanto, o porta-voz do PS já reagiu a estas declarações de Ribau Esteves, considerando que estas não são mais do que um «tiro no pé», já que estas só podem ser dirigidas contra o próprio líder do PSD, Luís Filipe Menezes.
«Até agora, ninguém viu, nem no Governo nem no PS, procurar interferir naquilo que se está a passar no BCP e na sua escolha da nova administração», sublinhou Vitalino Canas, em declarações à TSF.
Este responsável socialista entende ainda como ridícula uma «certa insinuação» que julgou ouvir das palavras de Ribau Esteves de que a «passagem de administradores da CGD para o BCP teria tido mão de Governo».
«A passagem de administradores da CGD para o BCP resulta da vontade dos próprios administradores no exercício da sua actividade profissional de forma inteiramente livre e não por alguma actuação por parte do Governo», acrescentou.
Vitalino Canas sublinhou ainda que o PS não apoia qualquer das listas concorrentes ao Conselho de Administração Executivo do BCP, que poderá vir a ser liderado por Santos Ferreira ou por Miguel Cadilhe.
«O PS não tem nenhuma lista que apoie, não tem nenhuma lista que promova, não tem nenhuma personalidade que entenda que deva exercer ou deixar de exercer funções de administração no BCP. Isso cabe inteiramente aos accionistas», concluiu.