O Porto recebe, a partir desta quarta-feira, o V Congresso Nacional de Senologia e o 6º Congresso Luso-Brasileiro de Mastologia. Especialistas, médicos, enfermeiros e voluntários reúnem-se para partilhar conhecimentos e revelar experiências.
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Entre 19 e 22 de Novembro, o cancro da mama está em debate na Fundação António Cupertino Miranda, no Porto, no âmbito do V Congresso Nacional de Senologia e o 6º Congresso Luso-Brasileiro de Mastologia.
«Será dos mais importantes encontros dos últimos oito anos», segundo Vitor Veloso, da Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS), não só pelo número de congressistas (600) como pelo equilíbrio do programa.
O evento conta com a participação de especialistas de renome na área do cancro da mama como Monica Morrow (Estados Unidos), Michael Baum (Reino Unido), Roberto Orechia (Itália), Bernard Staleens (Bélgica), Melcior Sentis (Espanha), Yosef Yarden (Israel) e Dominique Gos (França).
Todos juntos, durante quatro dias, para revelar estudos, contar experiências, partilhar conhecimentos. Vítor Veloso disse à TSF Online que as práticas médicas nesta patologia «são semelhantes» em Portugal e lá fora, «embora noutros países haja mais investigação, mais protocolos e o sistema de saúde esteja mais organizado».
«Por exemplo, nos Estados Unidos, os profissionais trabalham num só local», ganham melhor e têm mais tempo para os doentes e para realizar pesquisas, salienta o presidente da SPS.
Genética, cirurgia, radioterapia, enfermagem, voluntariado e medicinas alternativas são alguns dos temas a debater, num encontro aberto não só a profissionais de saúde como à sociedade civil.
Restrições económicas e materiais
Todos os dias morrem quatro a cinco mulheres devido a cancro da mama. Todos os anos são diagnosticados mais de 3800 novos casos, segundo a SPS.
O maior desafio actualmente «é tornar o rastreio e o exame precoce mais eficazes», considera Vítor Veloso.
Por outro lado, «muitos profissionais deparam-se com falta de material, de equipamentos, falta de horas para intervenções, restrições económicas para a aplicação de quimioterapia», alerta o responsável da SPS e médico do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto.
Estas «restrições não podem pôr em causa a qualidade de vida dos doentes», sublinha Vítor Veloso, acrescentando que, «quando a cura não é possível, a qualidade de vida é fundamental».
Dar a conhecer a realidade ao ministro
A Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS) foi criada em 1989 e, desde então, reúne-se todos os anos com unidades hospitalares responsáveis pelos casos de cancro da mama.
«No congresso, será feito o relato ao público das experiências, necessidades, frustrações e expectativas de cada unidade», salienta Vítor Veloso.
«As conclusões serão dadas a conhecer à tutela pela SPS, para que o ministro da Saúde conheça o que está bem e o que está mal» no dia-a-dia, situações que acontecem sem estarem previstas e às quais é preciso dar resposta.