Mais de quinze mil pessoas entraram segunda-feira no universo de Madonna, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, por onde desfilaram as várias vidas que a cantora norte-americana teve ao longo de 20 anos de carreira.
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Pouco faltava para as 22:00 quando dois ecrãs gigantes se abriram como portas de entrada para o palco, de onde surgiu Madonna a interpretar "Vogue", o primeiro tema da noite.
A recepção do público à cantora, que está pela primeira vez em Portugal, chegou a ser ensurdecedora, ao ponto de abafar a própria música.
Perante uma plateia rendida há muito, Madonna conduziu com profissionalismo duas horas exactas de concerto, apenas com algumas alterações de alinhamento, talvez porque estivesse a gravar para um futuro DVD.
Palcos giratórios, plataformas que sobem e descem, vários ecrãs gigantes e uma passadeira de metal suspensa acima do público ajudaram ao espectáculo, que funcionou como um musical em vários actos da carreira da cantora.
Madonna foi espiritual, guerreira, sensual e activista, mas as mensagens de paz, liberdade e devoção à Cabala perderam-se, em alguns momentos, na espectacularidade dos efeitos visuais.
Em "American Life", dançou e desfilou com freiras e bispos, mulheres com "burkas" e homens fardados, para a seguir pegar na guitarra e fazer o público cantar "Material Girl".
Já em "Die Another Day", Madonna terminou sentada numa cadeira eléctrica e fez surgiu nos ecrãs gigantes imagens de Saddam Hussein e George Bush, de bombardeamentos e feridos de guerra.
Mas foi na interpretação de "Imagine", de John Lennon, que Madonna terá conseguido passar melhor a mensagem de paz para o público, que respondeu com muitos isqueiros acesos.
Sem falhas na interpretação ou na sonoridade, os músicos foram o elemento mais discreto do concerto, quase sempre remetidos aos dois cantos do palco, como se a imagem de Madonna fosse mais importante que tudo o resto.
A excepção foi meia dúzia de temas, em que a banda surgiu no centro do palco, num ambiente que se aproximou mais do que é um concerto habitual de música.
Depois de "Into The Groove", que teve direito a gaita-de-foles, "kilts" e muita percussão à mistura, e a uma versão renovada de "Papa Don´t Preach", Madonna dedicou "Crazy for You" a todos os seus admiradores, afirmando-se «muito feliz por terminar a digressão».
O concerto, que Madonna repete esta terça-feira, terminou, ao fim de mais de 20 músicas, com a cantora a transformar o Pavilhão Atlântico numa imensa discoteca com "Music" e com uma versão mais tribal e festiva de "Holiday".
Atingindo as duas horas exactas de concerto, sem direito a "encores", os dois ecrãs gigantes fecharam-se sobre o palco como duas portas deixando escrita a mensagem "Reinvent Yourself" (reinventa-te a ti próprio).