A mensagem de Natal do primeiro-ministro cessante aos portugueses salienta a necessidade de, em 2002, «Portugal seja dos países do mundo que mais rapidamente relance a sua economia». mas sem esquecer a sua preocupação com a «solidariedade».
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António Guterres, naquela que será a sua última mensagem de Natal ao povo português como primeiro-ministro, apelou à recuperação da economia para garantir a competitividade e solidariedade, «dois valores que têm de andar sempre em conjunto».
«Nenhum país poderá ser solidário se não for competitivo e não poderá ser competitivo se não houver solidariedade e coesão no seu interior», afirmou o primeiro-ministro cessante.
Guterres lembrou a primeira vez que se dirigiu aos portugueses pelo Natal, no ano de 1995, quando «a solidariedade fazia-me viver com grande intensidade dois problemas que então afligiam a sociedade portuguesa, o desemprego e a pobreza. Problemas que não só não vinham a ser enfrentados com grande determinação como, muitas vezes, eram ocultados, como se pudéssemos ter vergonha das realidades que enfrentamos no nosso país», disse, aludindo aos precedentes governos do PSD.
Quanto à economia, António Guterres considerou que as bases do relançamento estão lançadas, ao defender que o seu Governo «procurou este ano fazer o trabalho de casa», que disse ter sido o evitar que a quebra das receitas fiscais, «pelo abrandamento da economia», se traduzisse numa derrapagem das finanças públicas «que pusesse em risco o futuro».
O primeiro-ministro demissionário salientou que o executivo tentou manter muito alto o nível de investimento público, a fim de que, «impulsionando o investimento privado, cria emprego, cria riqueza, relança a economia».
Acerca da situação internacional, e realçando a situação de crise económica que se vive em África, Guterres propôs que «a mesma determinação, o mesmo empenhamento que foi possível pôr na luta contra o terrorismo, na criação de uma larga coligação internacional, têm agora que ser encontrados para lutar contra a pobreza».
A crise do Afeganistão foi, para o primeiro-ministro, uma oportunidade para a criação de uma nova agenda de reformas a nível mundial «para melhorar a forma como mundo é governado, para melhorar a forma como são regulados os mercados, para que seja mais justo o mundo em que vivemos».
«É isso que gostaria que iluminasse a consciência daqueles que são os líderes das nações mais poderosos da Terra, porque só com a sua vontade política este objectivo será alcançável», apelou Guterres.
A mensagem de Natal do primeiro-ministro foi dedicada aos portugueses que vivem em Portugal e no estrangeiro e, também, aos imigrantes que trabalham em Portugal e aos soldados, polícias e cooperantes portugueses que «ajudam a manter a paz e a promover o desenvolvimento».