Cientistas norte-americanos demonstraram a eficácia das imagens por ressonância magnética para detectar problemas coronários em pequenas artérias, o que pode poupar os doentes de realizarem exames mais agressivos e dispendiosos, como os angiogramas.
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A imagem por ressonância magnética (MRI, sigla em inglês) é uma técnica usada há mais de dez anos, mas que até agora era indicada apenas para o estudo de grandes vasos sanguíneos como a artéria aorta.
Neste sistema, os doentes são introduzidos na máquina de MRI, um electromagneto gigante que produz imagens do corpo a três dimensões.
Nas novas investigações, publicadas na edição de quinta-feira da revista New England Journal of Medicine, cientistas do centro médico Beth Israel Deaconess (Boston) conseguiram adaptar a tecnologia de forma a produzir imagens de alta-resolução das artérias coronárias mais pequenas.
Estudos anteriores já tinham demonstrado que através do MRI podiam detectar-se artérias bloqueadas total ou parcialmente em doentes cujo problema coronário já tinha sido diagnosticado antes através do teste tradicional, o angiograma.
A nova investigação, a primeira a testar o sistema em vários hospitais e em doentes não submetidos aos exames tradicionais, descobriu que através do MRI era possível detectar 75 por cento das pequenas deficiências em artérias coronárias e 89 por cento dos problemas graves que colocavam em risco a vida do doente.
Embora a técnica de MRI não seja por enquanto tão minuciosa como o angiograma, é bastante menos invasiva para o doente.
«Esta técnica é um avanço significativo. Dentro de cinco anos, deverá substituir o exame convencional», sublinhou Valentin Fuster, que já presidiu à American Heart Association.
Nessa altura, espera-se que o desenvolvimento da tecnologia possibilite imagens mais nítidas, permitindo aos médicos detectar lesões ínfimas mas que possam ser responsáveis por ataques cardíacos.
No angiograma é introduzido um cateter através de uma virilha ou braço do doente que, ao alcançar uma artéria, liberta uma substância corante que permite aos médicos detectarem eventuais bloqueios.
Apesar de os angiogramas produzirem imagens muito nítidas podem causar complicações em um por cento dos exames, incluindo uma pequena possibilidade de ataque cardíaco, o que leva os cientistas a procurarem técnicas com resultados semelhantes mas com menos riscos. Além disso, um teste através de MRI custa cinco vezes menos que um angiograma.
No entanto, o MRI obriga os doentes a permaneceram deitados dentro do aparelho durante uma hora, três vezes mais do que o tempo necessário para realizar um angiograma.