«Muxima», que para os angolanos significa «coração», é o mote do ciclo de música africana a iniciar domingo no Fórum Fnac Chiado, em Lisboa, com uma dezena de concertos de várias latitudes da cena musical de África.
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Para celebrar os ritmos e afectos do continente africano, o ciclo apresentará ao vivo no auditório da Fnac Chiado nomes como Maria Alice, que editou recentemente «Lágrima e Súplica», e Ildo Lobo, ambos de Cabo Verde, Guto Pires, da Guiné-Bissau, e Lindu Mona, de Angola.
Esta não é uma iniciativa inédita na Fnac Chiado, já que em 2001 foi organizado o «Musidanças», dedicado apenas à música da África lusófona.
De acordo com Miguel Neves, do departamento de comunicação da Fnac Chiado, o ciclo «Muxima» é mais abrangente, porque alarga o leque de convidados do continente africano.
Apesar do predomínio de artistas dos países africanos de língua oficial portuguesa, o ciclo integra um concerto da lendária Orchestra Baobab, do Senegal.
Formada em 1970, para tocar na inauguração do «Baobab Club», em Dacar, a Orchestra foi considerada uma das mais respeitadas e bem pagas bandas da África Ocidental, com um estilo que misturava o «pachanga» e os sons de Cuba com as musicalidades do Senegal.
Em 1989, dois anos depois do grupo ter acabado, foi editado «Pirate´s Choise», com uma recolha de muitas das gravações feitas.
Após vários anos de silêncio, a Orchestra Baobab voltou a reunir-se no ano passado.
O ciclo, que decorrerá até ao dia 15, com concertos sempre ao final da tarde, contará também com a presença do grupo cabo-verdiano Netas di Bibinha Cabral, que venceu este mês o primeiro Concurso de Música Tradicional Africana, em Lisboa.
Composto por 17 mulheres, maioritariamente da ilha de Santiago, o grupo dedica-se exclusivamente ao batuque.
Lura (Cabo-Verde), Serenata Luanda (Angola), Djumbai Jazz (Guiné-Bissau) e Genitho Rasta (Moçambique) são quatro outros nomes que estarão presentes neste ciclo.
Apesar de os concertos dominarem a programação, a iniciativa arranca com um colóquio, no domingo, com convidados de diversas áreas ligadas à música africana em Portugal, tema que dominará o debate.
Durante as duas semanas deste ciclo estará patente a exposição fotográfica «For Ever Lives Afrika», dedicada ao músico nigeriano Fela Kuti, falecido em 1997 e considerado a grande influência do «afrobeat».