Rui Rio afirmou hoje à Lusa que não vai alimentar uma guerra com a direcção do PSD, «por mais que ela o possa desejar» e confessou que nunca lhe «passou pela cabeça» um processo no Conselho de Jurisdição.
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A Comissão Permanente do PSD chamou hoje Rui Rio a prestar esclarecimentos ao Conselho de Jurisdição Nacional do partido «face às gravíssimas declarações» que considera terem sido prestadas pelo presidente da Câmara do Porto.
Rui Rio considerou domingo «graves e perigosas» as alterações aos regulamentos do partido, aprovados sábado, por abrirem uma «porta à lavagem de dinheiro ao nível do financiamento partidário».
«Confesso que um processo no Conselho de Jurisdição Nacional foi coisa que realmente ainda não me tinha passado pela cabeça», afirmou hoje Rui Rio, num depoimento prestado à Lusa.
O presidente da Câmara do Porto disse ter apenas emitido «opinião sobre um tema que a direcção do partido decidiu colocar na agenda do dia ao convocar um Conselho Nacional para o efeito».
«O tema em causa tem mais relevância política do que aparenta. Trata-se do funcionamento interno dos partidos, que são um elemento decisivo para a qualidade da democracia. São eles que escolhem os deputados, os autarcas e os próprios candidatos a primeiro-ministro», considera.
«Por isso entendi que tinha o dever de fazer um alerta para alterações regulamentares que potenciam ainda mais a degradação e descredibilização da vida interna dos partidos, com inequívocos reflexos ao nível do rigor e da transparência. Alterações que, inclusive, não são praticáveis em face da lei vigente no país», acrescenta.
Garantindo que não vai «alimentar uma guerra com a direcção nacional do PSD, por muito que ela (pelos vistos) o possa desejar», Rui Rio frisou: «As minhas declarações só tinham linhas, não tinham entrelinhas».