O Bloco de Esquerda acusou, esta quarta-feira, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, de utilizar os subsídios como moeda de troca para comprar «fidelidades políticas e eleitorais». O PS associou-se a estas críticas e o PSD saiu em defesa do autarca.
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Numa intervenção no Parlamento, João Semedo acusou Rui Rio de gastar fortunas com propaganda política.
O deputado bloquista sublinhou que a verba gasta pela Câmara do Porto com actividade culturais era de 200 mil euros, «inferior à da Câmara Municipal da Guarda», e apontou, em contraponto, os 2,5 milhões de euros destinados «à propaganda camarária».
«Tentando agitar as pessoas contra o despesismo dos criadores culturais Rui Rio esqueceu-se de dizer que o valor em causa, cerca de 200 mil euros, é doze vezes inferior à despesa com a propaganda camarária, que atinge 2,5 milhões de euros», disse.
«Um valor que serve para pagar o site institucional da Câmara Municipal do Porto, um instrumento de luta partidária pago com o dinheiro dos contribuintes e que mais parece ter sido redigido pelo ministro da Informação do Iraque», acrescentou.
João Semedo criticou ainda a decisão da autarquia do Porto, anunciada no início de Novembro e que terá efeitos a partir de 1 de Janeiro próximo, de acabar com todos os subsídios pecuniários a fundo perdido.
«O problema de Rui Rio não é a subsídio dependência, nem tão pouco acabar com ela. É construir, instalar e impor uma subsídio dependência que compra fidelidades políticas e eleitorais», acusou o deputado do BE.
Para João Semedo, «não deve ser por acaso que Marques Mendes manifestou recentemente a sua total confiança e solidariedade para com Rui Rio».
«O exemplo de Rui Rio tem cada vez mais semelhanças com o modelo instalado por Alberto João Jardim na Madeira de onde, aliás, Marques Mendes regressava de viagem», criticou.
PS associa-se a críticas
Também o PS se juntou às críticas a Rui Rio. O deputado Manuel Pizarro falou em «vergonha» e considerou que aquilo que se vive no Porto é indigno.
«O que se vive hoje na cidade é um estado de excepção democrática com um pequeno presidente autocrático que com dificuldade arranja no Porto ou fora dele quem queria defender o seu comportamento», asseverou.
«O que se passa no apoio às instituições culturais da cidade com a imposição de uma cláusula infamante e censória que obriga aqueles que aceitem os subsídios a prescindir do seu direito de criticar a Câmara é uma verdadeira vergonha indigna de uma cidade com pergaminhos liberais», prosseguiu o parlamentar socialista.
PSD defende Rui Rio
A defesa de Rui Rio pelo PSD foi feita pelo deputado Aguiar Branco. O ex-ministro da Justiça disse que a prioridade do presidente da Câmara do Porto não é a cultura e justifica esta posição com o programa político que foi a votos.
Aguiar Branco afirmou que o fim dos subsídios a actividades culturais está relacionado com a «necessidade de rigor e afectação correcta dos dinheiros públicos».
«O rigor obriga a que haja prioridades, e a primeira da Câmara Municipal do Porto é a coesão social, a reabilitação da habitação social», salientou.