O vereador lisboeta Sá Fernandes insinuou esta sexta-feira a possível existência de «tráfico de influências» no loteamento de Marvila. A insinuação foi feita quando o vereador questionava o presidente da Câmara sobre ligações entre o director municipal que viabilizou o loteamento e a empresa que fez o projecto imobiliário.
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Em comunicado, o vereador independente eleito pelo Bloco de Esquerda afirmou ter consultado o processo do loteamento de Marvila e perguntou a Carmona Rodrigues se «o director do Departamento de Planeamento Urbano, um dos responsáveis pela apressada aprovação do loteamento em Marvila, é sócio do arquitecto autor do projecto» da empresa Lismarvila.
Em causa estão terrenos em Marvila onde poderá passar o comboio de alta velocidade e para os quais a Câmara de Lisboa aprovou a 22 de Novembro o loteamento, na zona da antiga Sociedade Nacional dos Sabões, contra um apelo do Governo.
Dias após a aprovação da proposta pela Câmara, o Governo aprovou um decreto que estabelece medidas preventivas para a actividade nos solos no Eixo Chelas-Barreiro para viabilizar a terceira travessia do Tejo, destinada ao comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, e que abrangem a área do loteamento aprovado.
No dia 13, a autarquia decidiu indeferir o loteamento em reunião de câmara.
José Sá Fernandes questiona se o promotor terá sido informado de que o terreno tem «capacidade construtiva» no âmbito do Plano Director Municipal mas não é viável por «razões externas».
Apesar de revogado o loteamento, a «capacidade construtiva» é essencial no cálculo de uma «futura indemnização pela sua expropriação».
Sá Fernandes sugere que poderá estar em causa «um injustificado e gigantesco benefício a um privado, em prejuízo do interesse público e do Estado Português».
«Ou não seria melhor entender, como o Bloco de Esquerda defende e insiste, que o loteamento viola o PDM de Lisboa?», questiona.