Jorge Sampaio quer mais «reflexão desapaixonada» em Portugal para que haja mais reformas que possam aperfeiçoar o regime democrático português. Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, diz que a democracia «está doente».
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O Presidente da República considerou que só é possível concretizar as reformas necessárias ao aperfeiçoamento do regime democrático se fizer uma «reflexão desapaixonada e serena» dos problemas do país.
Num texto enviado por Jorge Sampaio e lido por Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, na sessão de encerramento do I Congresso da Democracia Portuguesa, o chefe de Estado diz que só esta reflexão permite «identificar os problemas, traçar objectivos e definir estratégias».
Neste documento, Sampaio defendeu ainda que o «debate público - informado e plural é um elemento central da democracia e um aferidor do seu dinamismo» e que este Congresso foi um «notável esforço de empenho cívico e de mobilização reflexiva aberta e plural em torno dos problemas actuais da democracia portuguesa».
«É o Estado democrático e de direito que permite a cada português e a cada grupo de portugueses definirem e concretizarem as suas opções doutrinárias. A liberdade e a paz são a tradição portuguesa que o 25 de Abril restaurou», acrescentou.
O chefe de Estado explicou ainda que a reflexão justifica-se ainda mais, apesar de outros países viverem problemas semelhantes aos de Portugal e que «não há outro caminho para Portugal e para os portugueses que não passe pelo regime democrático e pelas reformas que ele hoje nos exige».
Jorge Sampaio não pôde estar presente no Congresso, que se realizou na Fundação Gulbienkian, uma vez que está numa visita oficial a Itália e ao Vaticano. O Presidente da República encontrou-se esta sexta-feira com o Papa João Paulo II.
Vasco Lourenço diz que democracia está doente
No seu discurso, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, afirmou que a democracia portuguesa «está doente e precisa de ser tratada», no encerramento do I Congresso da Democracia.
«A Democracia é um facto em Portugal, está consolidada. No entanto, vislumbram-se sinais preocupantes que ou são atacados de imediato, ou poderão pôr em causa o Estado Democrático», afirmou Vasco Lourenço, num pequeno balanço da iniciativa, que juntou 350 congressistas de várias áreas políticas e profissionais.
«Ao fazermos o diagnóstico não podemos afirmar que a democracia está de boa saúde e se recomenda. Pelo contrário, está doente e tem de ser tratada. Um dos sintomas maiores dessa doença é precisamente o maior afastamento dos cidadãos das causas públicas», acrescentou.