O Governo decidiu afastar o director-geral adjunto do SIS, os Serviços Secretos Portugueses, apurou a TSF. Arménio Marques Ferreira vai ser substituído por um coronel vindo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que é tido como próximo do ministro da Defesa, Paulo Portas.
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Esta mudança está a causar polémica no SIS. Os directores de serviço ameaçam demitir-se em bloco, porque não aceitam a medida do Governo que terá sido comunicada pelo próprio primeiro-ministro, Santana Lopes.
A decisão terá sido tomada no sábado na sequência de uma reunião entre a directora-geral dos Serviços de Informações e Segurança, Margarida Blasco e o primeiro-ministro.
Nesta altura, Santana Lopes terá dado conta à responsável da intenção de substituir o director-adjunto, Arménio Marques Ferreira, pelo coronel Carlos Manuel Saramago Pinto, actual director-geral adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e ex-agente do Serviço de Informações, Estratégia e Defesa Militar.
Saramago Pinto é considerado próximo do ministro da Defesa, Paulo Portas. Esta mudança está a causar estranheza e um profundo mal-estar no SIS. É mesmo encarada por elementos dos serviços secretos como uma ingerência e uma tentativa de controlar politicamente o SIS.
Quando tiveram conhecimento da notícia, os directores do SIS fizeram saber a Margarida Blasco que se esta situação se concretizasse se demitiriam em bloco.
Na sequência de uma reunião, ontem à tarde, terá ficado assente que o coronel Saramago Pinto irá apenas desempenhar funções de carácter administrativo e não de coordenação da área operacional como estava inicialmente previsto.
De acordo com diversas fontes ouvidas pela TSF, foi ainda proposto à directora-geral a transição de 25 elementos do Ministério da Administração Interna para o SIS. Trata-se na maioria de oficiais da PSP que não foram aceites na Polícia Judiciária e portanto sem preparação específica para trabalhar no SIS.
Este cenário terá sido afastado também na reunião de directores por ser considerado lesivo dos interesses do serviço de informações.
Domingo Jerónimo, o recém-empossado secretário-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa não terá sido antecipadamente informado das alterações pretendidas pelo primeiro-ministro.
Este ambiente de contestação no SIS, terá levado Margarida Blasco a ponderar uma eventual demissão.
Arménio Marques Ferreira tinha sido nomeado director-adjunto do SIS em 2000 pelo então Secretário de Estado da Administração Interna, Rui Pereira. Quatro anos depois o número dois da secreta portuguesa é afastado de funções.