Pedro Santana Lopes lamentou, este sábado, o clima de instabilidade criado em torno do seu Governo, a falta de «sossego» e as «facadas nas costas» de que se disse alvo, na primeira entrevista televisiva após a dissolução do Parlamento.
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Em entrevista à TVI, o primeiro-ministro demissionário afirmou que «sabia que ia ser difícil governar» quando aceitou o cargo, depois de Durão Barroso ter aceite o convite para presidir à Comissão Europeia.
Santana Lopes considerou que o seu Governo viveu sempre num «clima de ataques pessoais e políticos» e que teve pouco tempo para mostrar trabalho.
«Tenho as costas cheias de cicatrizes das facadas que levei», salientou, notando que recebeu as funções governativas como «uma herança» que não pediu.
O primeiro-ministro observou que as dificuldades começaram logo, por ter tido apenas oito dias para formar Governo, e porque a saída de Durão Barroso não foi encarada com tranquilidade, como deveria.
No que respeita às relações com o Presidente da República, Santana Lopes admitiu que houve excessos «de um lado e do outro», mas acrescentou que sempre manteve uma «solidariedade institucional irrepreensível» com Jorge Sampaio, o que permitiu aprovar o Orçamento de Estado.
Sem pressa para fazer campanha, mostrou-se confiante na vitória do PSD nas eleições legislativas: «Pretendemos vencer as eleições e que o PSD seja o partido mais votado para continuarmos o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.»
Questionado sobre a possibilidade de se demitir caso perca as eleições, Santana Lopes disse que só admite essa hipótese na teoria, uma vez que, acrescentou, «na prática sou um combatente.»
Quanto ao acordo pré-eleitoral celebrado com o CDS-PP e à decisão de os dois partidos concorrerem com listas separadas, o primeiro-ministro entende que serviu para «clarificar» o que se pode esperar se o PSD ganhar as eleições e instou o líder socialista a fazer o mesmo.