Santana Lopes, líder parlamentar do PSD, sugeriu a o Governo que recupere a «comissão Constâncio» para fazer contas ao défice previsto pelo Executivo para o próximo ano.
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Pedro Santana Lopes considera que o Governo devia pedir «ajuda» ao Banco de Portugal para saber se os valores do défice e do PIB previstos no Orçamento de Estado para 2008 vão corresponder à realidade.
«Ficava bem a este Governo aceitar a sugestão de pedir ao Banco de Portugal que faça com este Orçamento de Estado para 2008 o mesmo exercício que fez em 2005», afirmou o social-democrata, numa intervenção no debate na generalidade da proposta de Orçamento de Estado para o próximo ano.
Em 2005, já com o Governo de José Sócrates em funções e depois da derrota de Santana Lopes nas eleições legislativas de Fevereiro, a chamada «comissão Constâncio» concluiu que o défice nesse ano, sem o recurso a receitas extraordinárias, seria de 6,83 por cento.
Santana Lopes criticou o papel que Vítor Constâncio aceitou desempenhar nesta circunstância.
«Nunca se fez em democracia nenhuma, ditaduras talvez, alguém dispor de qualquer governador de banco que tenha respeito pelo seu cargo para fazer uma análise prospectiva do défice independentemente do trabalho de quem tinha responsabilidades nessa altura», afirmou.
Santana Lopes adiantou ainda que a análise realizada pela «comissão Constâncio» foi a «segunda parte da ficção da novela» que levou à dissolução da Assembleia da República e à queda do seu Governo.
«Agora o Governo também devia pedir ajuda ao governador do Banco de Portugal», sublinhou Santana Lopes, questionando sobre se uma nova comissão confirmaria o valor do défice que o Governo prevê para 2008 e o valor do PIB que é apresentado.
Num primeiro momento foi o deputado do PS, José Junqueiro, quem interpelou Santana Lopes depois do discurso que o líder parlamentar fez esta tarde, mas o social-democrata olhou para a bancada socialista e desvalorizou: «O senhor não é o meu interlocutor».
Passados alguns minutos, já com Santana Lopes ausente da sala, o socialista Augusto Santos Silva, considerou o discurso do líder parlamentar social-democrata inflamado.
«Não é preciso exaltarmo-nos neste púlpito para mostrar que temos razão, só mostramos que estamos desesperados. Este não é um congresso», disse.
Augusto Santos Silva adiantou também que Santana Lopes ainda não entendeu o motivo pelo qual perdeu as eleições para José Sócrates.