José Saramago está a contra a solução de criar pavilhões diferenciados para a Feira do Livro em Lisboa. No Palácio da Ajuda, onde esteve numa exposição sobre a sua obra, o Nobel da Literatura recordou ainda a amizade com a escritora Zélia Gattai, que faleceu no sábado.
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O escritor José Saramago considerou que a solução de arranjar pavilhões diferenciados para o Grupo Leya na Feira do Livro não é a melhor opção, por que «abre a porta a uma espécie de caos».
No Palácio da Ajuda, onde esteve numa exposição sobre a sua obra, o Nobel da Literatura entende que a solução encontrada para resolver o diferendo entre a UEP e a APEL ameaça a «festa democrática» que é a Feira do Livro.
«Se há pavilhões arquitectonicamente imponentes e que até podem ser de muito bom gosto, estes introduzem e exibem uma diferença de classe», acrescentou.
José Saramago aproveitou também para criticar a câmara de Lisboa por ter adiado a abertura do certame do Parque Eduardo VII, o que, na sua opinião, foi ainda mais grave por ainda não se saber quando a Feira do Livro vai abrir.
«Parece-me uma informação deficiente limitar-se a câmara a dizer que foi adiada sem dizer para quando», explicou José Saramago, cujas obras são editadas pela Editorial Caminho, que está integrada no Grupo Leya.
O Nobel da Literatura recordou ainda Zélia Gattai, a viúva de Jorge Amado, que faleceu, no sábado, aos 91 anos, como uma «amiga» que já não visitava há muito, uma vez que deixou de ir com tanta frequência ao Brasil.
«O Jorge adoeceu, depois foi a vez dela. Mas tenho de um e de outro a mais grata das recordações», concluiu José Saramago.
O Prémio Nobel da Literatura recordou ainda a «grande vitalidade» daquela que foi a «companheira perfeita de Jorge Amado e uma grande escritora».
O escritor visitou, este domingo, a exposição «José Saramago - A Consistência dos Sonhos», onde acompanhou o realizador brasileiro Fernando Meirelles, que dirigiu o seu filme Blindness, uma adaptação do seu romance «Ensaio sobre a Cegueira».