A Fundação Calouste Gulbenkian recebe nos próximos dias 4 e 5, o Seminário «Cultura, Desenvolvimento e Emprego». Reflectir sobre práticas de Desenvolvimento e Emprego que assumam a Cultura como um elemento chave, é o objectivo primordial.
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Nos próximos dias 4 e 5 vai realizar-se em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, o Seminário «Cultura, Desenvolvimento e Emprego».
Organizado pela Comissão Nacional da UNESCO em parceria com o Instituto Português de Museus (IPM) e o Museu Calouste Gulbenkian, o encontro tem por objectivo promover a reflexão e a troca de conhecimentos sobre práticas diversas de Desenvolvimento e Emprego que assumam a Cultura como um elemento implícito, fluído e transversal.
Este encontro justifica-se pois cada vez mais se acentua o cruzamento entre Cultura e Desenvolvimento em Portugal, nomeadamente nas novas orientações da política autárquica, segundo disse à Lusa o presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Diogo Pires Aurélio.
Para Pires Aurélio trata-se de abandonar a ideia recorrente de Cultura como uma «área», uma espécie de compartimento estanque com limites bem definidos. Na sua opinião, esse conceito não é compatível com a nova dinâmica das sociedades.
Um novo conceito de Cultura
Os relatórios anuais da UNESCO elaborados durante a última década mostram que o factor Cultural se distanciou da ideia de «Belas Artes» do século passado, afirmando-se como «parte integrante» da vida social e económica moderna, na medida em interage com qualquer domínio de actividade.
Para Pires Aurélio, Portugal não é excepção. A prová-lo estão as novas práticas das autarquias, cada vez mais dirigidas às exigências de qualidade de vida da população. E, entende-se hoje, que essa qualidade de vida passa por mais teatros, mais cinemas, mais bibliotecas ou ainda pelo direito à preservação do património.
Esta dinâmica acaba naturalmente por ter repercussões ao nível do mercado de trabalho, gerando novos empregos e novas profissões. Por outro lado, reformulam-se conceitos que enquadravam perfis em determinados sectores: por exemplo, uma autarquia preferirá um arquitecto sensível à valorização do património cultural a um outro tecnicamente irrepreensível. No recrutamento, a especialização tende a perder pontos a favor da multiplicidade de valências.
Segundo Pires Aurélio, estes são indicadores de uma realidade enraizada e de uma motivação efectiva, inequivocamente expressas nas centenas de pedidos de inscrição que chegaram à organização do Seminário.
A forte adesão de museus, escolas, bibliotecas, centros culturais e autarquias de norte a sul do país superou as expectativas, já positivas, das entidades promotoras do evento.
Um encontro de dois dias
Ao longo de dois dias vão ser debatidos temas como «Políticas de Incentivo à Criação de Emprego», «Criação de Emprego e Novas Profissões», «Tecnologias da Informação e Indústria de Conteúdos», «Desenvolvimento Regional e Local» e «Qualificação e Reabilitação Urbana».
O encontro, que pretende também contribuir para um melhor conhecimento entre as acções do Estado e da sociedade civil, contará com intervenções de elementos da Comissão Europeia, aos quais caberá testemunhar cenários e experiências de outros países.
Os ministros portugueses do Trabalho e da Solidariedade e da Cultura são esperados, respectivamente, nas sessões de abertura e encerramento.
Entre os oradores figuram nomes de personalidades ligadas a actividades culturais, como António Mega Ferreira, do Parque das Nações, Teresa Lago, da Sociedade Porto 2001, Miguel Lobo Antunes, do Centro Cultural de Belém, João Fernandes, do Museu de Serralves, Cláudio Torres, do Campo Arqueológico de Mértola e Paulo Ribeiro, do Teatro Viriato, em Viseu.