Vários cientistas norte-americanos puseram em dúvida a exactidão dos dados da Celera Genomics em relação à sequenciação do genoma da mosca-da-fruta, afirmando que existem numerosas e significativas discrepâncias neste estudo.
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Cientistas da Universidade de Stanford e de outras instituições norte-americanas apontaram o dedo ao consórcio privado Celera Genomics, encabeçado por Craig Venter, quanto à exactidão da sequenciação do genoma da mosca-da-fruta (Drosophila), publicado com grande alarde em Março de 2000 na revista «Science».
Samuel Karlin, especialista em bioinformática na Universidade de Stanford, afirma que «a publicação (do genoma da mosca-da-fruta) foi um pouco precipitada». Os cientistas da Universidade californiana compararam 1049 proteínas do genoma da «Drosophila» publicado pela Celera e comparam-nas com dados provenientes de uma base de dados genética, chegando à conclusão de que existem numerosos erros que podem pôr em causa a exactidão da própria sequência do genoma humano.
A comparação feita por Karlin e os seus colegas mostram que apenas 26 por cento dos genes do estudo da Celera coincidem com os da base de dados de Stanford. 29 por cento estão quase em consonância, enquanto 45 por cento têm erros de sequenciação.
Outros cientistas defendem as posições tomadas quarta-feira em Stanford. Gerry Rubin, do projecto estatal norte-americano do Howard Hughes Medical Institute em Berkeley, ironiza que «dizer que 50 por cento (da sequência publicada pela Celera) está correcta, é um elogio, não uma crítica». Este cientista participou no projecto da Celera, e critica construtivamente o seu próprio trabalho, dizendo que «uma reavaliação deste estudo poderia melhorar a sua exactidão em 75 por cento».