O candidato presidencial Mário Soares criticou, esta sexta-feira, a comunicação social pela forma como está a cobrir as presidenciais, lembrando que durante a ditadura, a propaganda não adiantou ao regime.
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Mário Soares, que falava em Santa Maria da Feira, onde inaugurou mais uma sede de campanha, acusou os «grandes grupos de media e certas televisões», que não identificou, de estarem a fazer «um exercício de falta de independência e isenção, ultrajante para a liberdade de imprensa», procurando convencer as pessoas de que «há um vencedor antecipado».
«O povo português tem 50 anos de ditadura e sabe o que é ler a contra-senso. Quando a propaganda é demais, o povo rejeita-a», disse o candidato apoiado pelo PS, que, inclusive, comentou o trabalho das televisões presentes, queixando-se de que não estavam a gravar o que dizia.
Na altura em que fez essas queixas, Soares estava a dizer que tinha possibilitado a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, em 1987, e que o agora adversário na corrida presidencial havia dado instruções ao PSD para o apoiar nas eleições de 1991, porque sabia que era um bom Presidente da República.
«Fui eu que dei a primeira maioria absoluta a Cavaco, dissolvendo a Assembleia da República contra o meu próprio partido», declarou Soares, afirmando que, com o seu Governo do Bloco Central deixou a Cavaco Silva um país com as contas em dia para governar, aproveitando os fundos comunitários.
«Cavaco Silva devia estar grato pelo trabalho feito pelo Governo do Bloco Central, que honra Portugal, em que teve um papel preponderante Mota Pinto, hoje injustamente esquecido por ele e pelo PSD», afirmou.
Mário Soares voltou a reclamar mais debates entre os candidatos, desta feita defendendo que os debates televisivos têm de ser feitos com os seis candidatos, salientando ser importante para a democracia a participação de Garcia Pereira, que entra na corrida a Belém apoiado pelo PCTP/MRPP.