Os socialistas europeus querem criar uma comissão de inquérito do Parlamento Europeu ao caso «Prestige» devido ao eco que a questão encontrou na opinião pública da UE e acusa o Partido Popular Europeu de querer proteger o governo espanhol.
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O partido Socialista Europeu quer criar uma comissão de inquérito ao caso «Prestige» no âmbito do Parlamento Europeu (PE). O eurodeputado socialista Carlos Vaz explicou à TSF que «esta matéria é a segunda vez que é debatida no PE e é uma questão que encontrou grande eco na opinião pública europeia».
«O naufrágio do 'Prestige' não diz respeito apenas aos espanhóis e à Galiza. Diz respeito a vários países europeus, inclusive a Portugal, que estão em risco ou já foram afectados pela maré negra. Ao mesmo tempo é uma questão que abala a própria consciência europeia e mantém despertos os cidadãos europeus relativamente a um assunto que é de todos»
«A questão fundamental é fazer-se um inquérito para se apurar qual foi o comportamento e as circunstâncias em que de todas as autoridades envolvidas no naufrágio e na forma como foi abordado e quais foram os erros cometidos, para também se tirarem lições para o futuro», explicou.
Carlos Vaz acusa PPE de proteger Madrid
No entanto, do outro lado está o Partido Popular Europeu (PPE), que integra o Partido Popular espanhol e tem maioria parlamentar, que defende que uma investigação como esta vai fazer com que o PE interferira nos assuntos internos de Espanha. Carlos Vaz diz que não partilha da opinião popular e que «o que se passa é que Espanha não quer que se realize nenhum inquérito. Nem no parlamento galego, nem no de Espanha, nem no PE».
O eurodeputado considera que «o PPE está a dar uma cobertura insensata à actuação do governo espanhol e está a politizar o debate, ao não reconhecer que uma instituição como um parlamento não pode ficar alheia a um tal acontecimento, até para prevenir a eventualidade de novos desastres».
«Trata-se de uma protecção injustificada que o Parlamento Europeu, através do PPE, pretende fazer ao governo espanhol. Seria muito interessante que se pudesse realizar um inquérito deste tipo, porque outros fenómenos da vida europeia justificam que o PE seja envolvido no seu esclarecimento e consequências a tirar das situações», acusou Carlos Vaz.