Sócrates deve «instruir» PS para se pronunciar sobre propostas sociais-democratas
A direcção do PSD rejeitou esta quinta-feira as acusações do primeiro-ministro de que o partido não tem apresentado propostas alternativas às do Governo, aconselhando José Sócrates a «instruir» o PS para se pronunciar sobre as ideias dos sociais-democratas.
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Numa conferência de imprensa totalmente preenchida com respostas às críticas que José Sócrates fez quarta-feira à direcção do PSD durante o debate quinzenal na Assembleia da República, o vice-presidente do partido Rui Gomes da Silva rejeitou a ideia de que os sociais-democratas não têm apresentado propostas alternativas às do executivo de maioria socialista.
«O senhor primeiro-ministro insiste na ideia de que o PSD não tem apresentado propostas alternativas à péssima governação de que ele é o primeiro responsável, na esperança de que uma mentira muitas vezes repetida passe a ser verdade», afirmou.
Salientando o papel do PSD como «partido liderante da oposição em Portugal», Rui Gomes da Silva recordou «a título exemplificativo» algumas das propostas já apresentadas pelos sociais-democratas e exortou José Sócrates a «instruir» o PS para se pronunciar sobre elas.
Entre as propostas já defendidas pelo PSD, o vice-presidente do partido destacou a descida de impostos, a redução da carga fiscal, o fim da publicidade no canal público de televisão ou a revisão do modelo proposto para a avaliação de desempenho dos professores.
«Em vez de responder às propostas e questões concretas apresentadas pelo presidente do PSD, o senhor primeiro-ministro e quem o ajuda (preocupados com o estado em que o país se encontra e com as sucessivas descidas nas sondagens) afadigam-se, nos dias anteriores aos debates na Assembleia da República em tirar 'coelhos da cartola', como forma de desviar o debate dos verdadeiros problemas dos portugueses», criticou.
O debate realizado quarta-feira no Parlamento foi, ainda segundo Rui Gomes da Silva, um exemplo disso, com o primeiro-ministro a anunciar a redução em 50 por cento das taxas moderadoras na saúde para idosos com mais de 65 anos.
Este corte, continuou o vice-presidente do PSD, representa «penas 0,05 por cento do orçamento do ministério da Saúde» que é superior a 8,6 mil milhões de euros.
«Convenhamos que é caricato dizer que, num orçamento dessa grandeza, uma alteração de cinco milhões de euros só possa acontecer com as contas equilibradas, isto para além de, em 2007, as mesmas taxas terem sido aumentadas em 23 por cento para todos os cidadãos», criticou.
Por outro lado, acrescentou, a medida é, em si mesma, «reveladora dos métodos propagandísticos» do Governo, porque, como José Sócrates
reconheceu, mais de 80 por cento dos pensionistas já estavam isentos dessas taxas.
Por isso, a medida em causa poderá vir a beneficiar pessoas como, por exemplo, o comendador Joe Berardo, o engenheiro Belmiro Azevedo ou o comendador Américo Amorim, sublinhou.
«Já é tempo de responder ao PSD», exclamou Rui Gomes da Silva, desafiando José Sócrates a deixar-se de «desculpas de mau pagador e de usar argumentos gastos e próprios de quem prefere fugir à verdade».