O PS vai exigir hoje que o Parlamento investigue o caso Marcelo Rebelo de Sousa. O líder do partido, José Sócrates, considerou estar-se perante «aquilo a que vulgarmente se chama censura». O líder parlamentar do PSD, Guilherme Silva, diz que o Governo não tem nada para explicar.
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«Vamos responder à altura das circunstâncias. A Assembleia da República tem de discutir o assunto e o Governo deve explicações ao país», afirmou o líder do PS, à margem de um jantar na quarta-feira realizado no Porto com cientistas e investigadores portugueses.
Sócrates adiantou que os socialistas vão solicitar, em conferência de líderes, que o Parlamento proceda às audições necessárias para esclarecer «todas as circunstâncias» deste caso, que considerou «indigno de uma democracia adulta».
Manifestou ainda a esperança de que, «desta vez, a maioria não impeça que o Parlamento ouça o professor Marcelo Rebelo de Sousa».
«Se o primeiro-ministro diz muitas vezes que o ruído não deve ser comentado, o seu silêncio é agora muito ruidoso. E será ainda mais ruidoso se a AR (Assembleia da República) não quiser ouvir quem deve. Não se resolvem os assuntos tentando abafá-los», disse o secretário-geral do PS.
Sócrates considerou que, «quanto mais se sabe sobre o assunto, mais escandaloso ele se torna. Marcelo Rebelo de Sousa afinal saiu do lugar de comentador porque a administração da TVI achou os seus comentários demasiado ácidos e incómodos para o Governo».
«Hoje, ninguém duvida de que houve pressão por parte do Governo. É óbvio que existiu. Isto nunca aconteceu na nossa democracia. E tem um nome muito feio», disse, referindo pouco depois tratar-se daquilo «a que vulgarmente se chama censura».
O PS admite usar todos os instrumentos regimentais, até mesmo a figura do inquérito parlamentar, para que o caso Marcelo venha a ser debatido na Assembleia da República.
José Sócrates diz que não aceita que a maioria venha a chumbar estas audições na Assembleia da República, mas segundo o líder parlamentar do PSD, Guilherme Silva, é o que vai acontecer, porque a maioria não concorda com os argumentos da oposição.
«A posição da maioria é muito clara, rejeitará as iniciativas que estão postas sobre a mesa pelos partidos da oposição», disse Guilherme Silva.
O social-democrata explica ainda que a oposição vai actuar desta forma porque nas declarações que Marcelo Rebelo de Sousa fez na Alta Autoridade para a Comunicção Social nunca falou em «pressões do Governo».