O primeiro-ministro, José Sócrates, apontou esta segunda-feira a reactivação das minas de Aljustrel como exemplo dos projectos de que o país precisa porque envolvem investimento, criam emprego e contribuem para o reforço das exportações.
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«Esta mina trouxe investimento, deu trabalho e vai contribuir para aumentar as exportações. Investimento, emprego, exportações, é disto que o país necessita e são estes exemplos que temos que puxar para cima e evidenciar», destacou o primeiro-ministro.
José Sócrates discursava, em Aljustrel (Beja), na cerimónia que assinalou o arranque simbólico da produção comercial nas minas locais, encerradas desde 1993 e reactivadas pelo grupo sueco/canadiano Lundin Mining, através da empresa concessionária do complexo, a Pirites Alentejanas.
O primeiro-ministro qualificou a cerimónia de hoje como uma «rara oportunidade» que «nem todos têm», numa alusão à sua presença na retoma da produção depois de, há dois anos, já ter presidido à assinatura do contrato de investimento entre o Estado e o grupo mineiro interessado na reactivação da extracção.
«É um investimento simbólico que permitiu recuperar uma actividade importante para Aljustrel, para o Alentejo e para o país», sublinhou, garantindo que são exemplos com os das minas de Aljustrel que dão Portugal «a confiança para o futuro».
Sócrates disse compreender a importância deste investimento, que rondou os 130 milhões de euros (118 milhões na fase de relançamento e 12 milhões na fase de manutenção enquanto a mina esteve parada), para Aljustrel e para o Alentejo.
«Afinal de contas, era algo [actividade mineira no concelho] que já se pensava que estava morto e enterrado, que era coisa do passado. Mas que alegria voltar e ver esta mina moderna, que está aqui para competir na economia global e fazer aquilo que é necessário no país», congratulou-se.
O investimento da Lundin Mining, segundo o primeiro-ministro, «exprime a confiança no país, na sua economia e nos portugueses».
«Ninguém investe tanto dinheiro numa actividade que, ainda por cima, só tem retorno daqui a uns anos, senão tiver confiança no nosso país», salientou.
Em 2005, lembrou o governante, as minas daquele concelho do distrito de Beja encontravam-se «fechadas» e o panorama era de «degradação, tristeza e abandono», o que contrasta com a situação actual.
«Hoje, estão com dinamismo, energia, vontade e optimismo. A partir de agora, estas minas vão poder vender o seu minério e acrescentar riqueza à empresa, naturalmente, mas também à região e ao país», afiançou Sócrates, lembrando que «poucos acreditavam» no projecto, mas que o «Estado acreditou e incentivou este investimento».
O primeiro-ministro, recebido em Aljustrel por meia centena de manifestantes, a maioria da localidade de Rio de Moinhos, que protestavam contra a falta de médico na extensão de saúde local há mais de oito meses, lembrou ainda que, além da actividade mineira ser «muito importante», outros investimentos estão em curso no Alentejo, onde estão localizadas duas das maiores centrais solares do mundo, o empreendimento de Alqueva, o aeroporto de Beja e o Itinerário Principal 8, entre Sines e Beja.
Já o ministro da Economia, Manuel Pinho, salientou que, entre 2005 e 2007, as exportações portuguesas de minério «aumentaram 80 por cento» e que, agora, o projecto das minas de Aljustrel vai contribuir para ajudar este sector industrial nacional a ter um papel «à medida das suas potencialidades».
"Portugal exportou 450 milhões de euros em 2005 e 730 milhões de euros em 2007. Portugal tem que ser ambicioso e colocar a fasquia nos mil milhões de euros o mais rápido possível», disse.
Quando estiver a funcionar em pleno, em 2009, a Pirites Alentejanas prevê a criação de 220 postos de trabalho directos e 450 indirectos, tendo o complexo uma produção anual estimada de 80 mil toneladas de zinco, 17 mil toneladas de chumbo e 1,25 milhões de onças de prata.