O secretário-geral do PS congratulou-se com o acordo alcançado em torno do novo Estatuto da Correira Docente. Em Faro, José Sócrates criticou alguns que agora choram pelos funcionários públicos e sublinhou que a decisão do Governo relativa às SCUT foi «justa».
Corpo do artigo
O secretário-geral do PS mostrou-se satisfeito com o acordo alcançado entre o Ministério da Educação e os professores acerca do novo Estatuto da Carreira Docente.
«Verifiquei com satisfação que finalmente, ao longo de muitos meses, os sindicatos acabaram por concordar de que a introdução da avaliação era necessária no novo Estatuto da Carreira Docente. Mais vale tarde que nunca», afirmou José Sócrates, em Faro.
Perante centenas de militantes socialistas, onde apresentou a moção que levará ao congresso do PS em meados de Novembro, o primeiro-ministro considerou que os docente percebem que a introdução deste sistema é fundamental «para avaliar os bons professores».
Contudo, Sócrates entende como indesejável o pensamento de que todos os professores possam algum dia chegar ao topo da carreira.
«Não é possível garantir a um funcionário público que no fim chegará certamente a director-geral ou a todos os militares que entram hoje na carreira que chegarão a generais», sublinhou.
José Sócrates refutou a ideias dos sindicatos dos professores, que defendem a não existência de quotas para a progressão na carreira, recordando que com este sistema não existe o convite «à selecção em nome do mérito e das qualidades».
«Esse sistema conduz a que ninguém se esforce pela simples razão de ter garantido que no final atingirá o topo da carreira», continuou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro condenou ainda aqueles que choram a propósito dos funcionários públicos, depois de há três anos terem sido responsáveis pelo congelamento dos seus aumentos.
«O que é espantoso é assistir à forma comovida e até desvanecida com que alguns vêm agora à televisão chorar lágrimas de crocodilo a propósito dos funcionários públicos», lembrou Sócrates numa aparente reacção a palavras recentes de Marques Mendes, onde o líder do PSD dizia que o Governo devia estimular estes funcionários e não hostilizá-los.
O secretário-geral do PS lembrou que os que agora aparecem como «paladinos na defesa dos funcionários públicos eram exactamente os mesmos que ainda há um mês atrás diziam que para reestruturar a Administração Pública era preciso despedir funcionários públicos».
José Sócrates aproveitou ainda para comentar pela primeira vez as conclusões do estudo que levou o Governo a decidir-se pelo fim de três SCUT, ao recordar que estas apenas seriam mantidas com base em determinados pressupostos.
«Mandámos fazer um estudo e esse estudo disse-nos com clareza que todas as SCUT deveriam ser mantidas com excepção de três, porque essas regiões têm já indicadores socio-económicos próximos da média nacional e verificam-se alternativas que podem servir aos cidadãos para se deslocarem», frisou.
Antes dos discursos, à entrada do local onde decorreu este intervenção de Sócrates, cerca de quatro dezenas de manifestantes assobiaram o primeiro-ministro e chamaram-lhe mentiroso.