O líder do PSD diz que o Governo deve tirar «consequências» das palavras de Clemente Lima sobre as forças de segurança, referindo que José Sócrates terá que reorganizar o Executivo. O social-democrata Ângelo Correia vai mais longe e pede a demissão do inspector-geral. Também o ministro da Administração Interna já reagiu à polémica.
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Clemente Lima que ocupa o cargo de inspector-geral da Administração Interna há dois anos afirmou, em entrevista à TSF, estar preocupado com «a matriz excessivamente militarizada» do comportamento dos agentes policiais, que chega a ser «incompetente» na relação com os cidadãos.
O líder social-democrata, questionado pelos jornalistas em Ourique, à entrada de uma reunião com a Assembleia Distrital de Beja do PSD comentou: «Penso que o senhor ministro [da Administração Interna] devia tirar consequências» das declarações daquele responsável.
«Não sou treinador do Governo, mas o senhor primeiro-ministro terá, porventura, a seguir à presidência portuguesa da União Europeia, de pensar em reorganizar o seu Governo», acrescentou.
Para Luís Filipe Menezes, as declarações do inspector-geral da Administração Interna são um «sinal de que ninguém se entende» e assemelham-se às posições que, esta semana, foram tomadas pelo Tribunal de Contas, sobre o Serviço Nacional de Saúde, e pelo ex-ministro das Finanças, Campos e Cunha, no que respeita às Estradas de Portugal.
«São demasiados sinais de desorientação», realçou o líder do PSD, considerando que há uma «desunião» no Executivo de José Sócrates, com «cada um a puxar para o seu lado» e «situações de ruptura do ponto de vista da relação entre altos funcionários e ministros, que são muito preocupantes».
«Chegou o momento do engenheiro José Sócrates começar a pensar em se desligar das questões europeias, que dão alguma popularidade efémera, nomeadamente lá fora, e começar a pensar em Governar o país», afirmou Luís Filipe Menezes.
«É que ninguém se entende!», exclamou.
Ângelo Correia pede demissão de inspector-geral
Ângelo Correia, o presidente da mesa do Congresso do PSD, vai mais longe, defendendo que o inpector-geral da Administração Interna tem que pedir a demissão.
«O senhor doutor juiz desembragador pode como cidadão emitir as dúvidas e ter as discordâncias que quiser, mas o inspector-geral da Administração Interna que depende do Governo não pode exibir discordâncias desta natureza sobre princípios fundamentais. O que está em causa, no meu ponto de vista, é a intenção de pedir a demissão», disse.
«Se ele não o fizer o ministro da Administração Interna tem que o fazer», acrescentou.
Este sábado já as Associações de Polícias tinham pedido a demissão de Clemente Lima.
Rui Pereira considera «excepção» comportamentos negativos
Por sua vez, o ministro da Administração Interna, confrontado ao príncipio da tarde pelos jornalistas, disse que conversou com o inspector-geral sobre este assunto, reiterando a confiança do Governo nas forças de segurança.
Neste sector «pode haver um comportamento ou outro menos próprio ou ilícito, mas essa é a excepção», realçou Rui Pereira, acrescentando que quando este último caso se verifica «o Estado de direito tem os mecanismos necessários para reagir».