O executivo da Junta de Freguesia de Souselas garantiu que vai lutar por «todos os meios constitucionais ao seu alcance» para que a localidade não continue a ser vítima de interesses financeiros de grupos económicos. Tudo em nome da saúde pública.
Corpo do artigo
O executivo da Junta de Freguesia de Souselas garantiu que vai lutar por «todos os meios constitucionais ao seu alcance» para que a localidade não continue a ser vítima de interesses financeiros de grupos económicos.
No documento de tomada de posição sobre o parecer da comissão médica que estudou os efeitos da co-incineração na saúde pública, aquele órgão denuncia «a forma leviana e prepotente com que o ministro do Ambiente, José Sócrates, continua a sua cruzada para lixar a população da freguesia de Souselas» e as suas vizinhas.
O presidente da Junta de Freguesia, José Figueiredo, lembra que o processo de co-incineração de resíduos industriais perigosos está cheio de contradições e lamenta que o primeiro-ministro António Guterres se tenha esquecido que garantiu, «numa deslocação ao seu gabinete, que em caso de dúvidas, não haveria co-incineração».
«Para nós é gravíssimo e demonstrativo da ausência de rigor que se possa expor toda uma população e um concelho como cobaias ou ratos de laboratório dos lixos perigosos e tóxicos que não produzem», realça.
Por outro lado, «é desonesto que se diga que não vão surgir riscos para a saúde só porque foram instalados filtros de mangas», quando estes nada têm a ver com a libertação de gases, mas apenas com as partículas de poeiras.
Segundo José Figueiredo, a população de Souselas «tem sido massacrada ao longo dos anos sem ter tido quaisquer contrapartidas, quer do poder municipal ou central (com todos os governos sem excepção) com indústria poluentes», rejeitando por isso os argumentos invocados por José Sócrates, pela Comissão Científica Independente e pelo grupo médico.
A Associação de Consumidores de Portugal (ACOP) divulgou quinta-feira uma nota na qual se solidariza com a população de Souselas e se insurge contra «a teimosia do Governo em transformar Coimbra em cidade cobaia».
Por considerar que uma terra que não tem indústrias perigosas não pode ser «o caixote do lixo do país», a ACOP coloca-se à disposição da população e «engrossa o coro de protestos que ecoam em todos os pontos do país contra esta insólita medida de Sócrates, com a inversão de todo o processo a que alguns médicos dão cobertura».