Novos dados apontam para uma nova ligação entre a venda ilegal de armas a países como o Irão ou a Indonésia e o acidente de Camarate. O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Melo, revelou que desapareceu o rastro de 40 milhões de euros do Fundo de Defesa do Ultramar.
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O deputado do CDS-PP e também presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao acidente de Camarate adiantou que o conteúdo do relatório da Inspecção-Geral das Finanças, que denuncia o desaparecimento do dinheiro, será debatido quinta-feira na Assembleia da República.
Segundo Nuno Melo, no documento «constam negócios pouco claros de venda de armas a países como a Indonésia, o Irão, a Guatemala, e a Argentina, que tinham sido proibidos pelo então ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa».
«O ministro, que morreu no acidente de avião em Camarate no dia 04 de Dezembro, havia proibido a venda de armas ao Irão no dia 02 de Dezembro, mas a 05 de Dezembro a competência do Ministério foi remetida para outra entidade e a transacção veio a ser feita no dia 09», afirmou.
«O relatório será entregue à Procuradoria-Geral da República que, na hipótese de não estarem prescritos os eventuais crimes nele contidos, os poderá investigar, dizendo aos portugueses aquilo que se passou», afirmou.
Nuno Melo salientou que a investigação aos dinheiros do Fundo só foi possível porque Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa, abriu os respectivos arquivos, o que não tinha sido permitido por anteriores titulares da pasta.
«Há pessoas com altas responsabilidades de Estado, que tinham, nos termos da lei, a tutela máxima sobre o Fundo, e que terão de explicar o que aconteceu, pois não é admissível que desconhecessem a existência das contas bancárias e o destino desse dinheiro», assinalou.
Nuno Melo afirmou que os 35 a 40 milhões de euros do Fundo «saíram das contas e não se lhes conhece o rumo», o que é matéria que pode ter incidência criminal.
O líder parlamentar popular lamentou que, «infelizmente, com a dissolução da Assembleia da República termine o mandato da Comissão de Camarate», mas manifestou-se convicto de que «a polícia e os órgãos judiciais saberão cumprir o seu papel».