Vinte telas da brasileira Eni D.Carvalho podem ser vistas quer pelos olhos dos normovisuais quer pelos dedos dos cegos numa exposição inédita em Portugal patente na Biblioteca Nacional, em Lisboa.
Corpo do artigo
Até à próxima segunda-feira os quadros de Eni D.Carvalho, pintora mineira a residir em Belo Horizonte, podem ser apreciados pelos cegos portugueses numa mostra inédita organizada pela Associação Promotora de Emprego para Deficientes Visuais (APEDV).
Concebidas em relevo e com materiais de texturas diferentes, estas telas são acompanhadas por legendas em braille e permitem assim uma fácil observação e interpretação por parte do público cego.
A pintora brasileira refere que o seu objectivo, ao fazer esta mostra, é propor uma nova percepção nas artes plásticas, chamar a atenção da sociedade para a exclusão de que normalmente os cegos são vítimas e consciencializá-la da necessidade de quebrar «barreiras físicas, sociais, culturais e psicológicas». Pretende igualmente, salienta, mostrar aos cegos que «é possível estar incluído na sociedade, participar e interagir».
Eni D.Carvalho, pintora e educadora de deficientes visuais em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, refere que a exposição tem tido um grande sucesso e que para alguns dos seus visitantes significou mesmo a primeira possibilidade de contactar com determinados conceitos como, por exemplo, o de «avião».
Para que os cegos de todo o país possam tocar na pintura desta artista plástica e sentir o seu significado, os quadros vão partir, embora em menor número, para várias cidades portuguesas, onde ficarão patentes nos balcões da Portugal Telecom.