A espécie humana precisa de cada vez mais espaço para cobrir as suas necessidades de energia, alimentos e ar, assinalaram hoje fontes da organização World Wildlife Fund (WWF), em Viena.
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A organização ecologista indicou que, se cada um dos seres humanos consumisse recursos naturais e emitisse dióxido de carbono (CO2) ao nível do que acontece nos países desenvolvidos, seriam necessárias pelo menos outras duas Terras para cobrir estas exigências.
Durante a apresentação do relatório Living Planet 2000, o presidente do WWF, Ruud Lubbers, sublinhou que «a única maneira de inverter esta perigosa tendência é considerar com seriedade os recursos naturais existentes no Planeta».
«A espécie humana não pode dar-se ao luxo de continuar a depender de forma tão drástica dos recursos naturais», disse, apelando aos líderes da União Europeia (UE) para acordarem acções específicas que limitem a pressão exercida sobre a Natureza.
Segundo o relatório, a riqueza natural das florestas, de água doce e dos ecossistemas marinhos da Terra diminuiu em cerca de um terço desde 1970.
Além disso, a superfície necessária para produzir os recursos naturais consumidos pelo Homem e para absorver o CO2 emitido duplicou desde 1961.
No relatório, é efectuada uma estimativa da pressão humana sobre o ecossistema global.
A pressão ecológica de cada indivíduo estimou-se tendo em conta seis componentes distintos: a área de cultivo necessária para produzir os alimentos consumidos, a área de pastoreio para produzir os produtos animais, a área de floresta exigida para produzir madeira e papel, os materiais de que o indivíduo necessita para construir infra-estruturas e viver e a área de floresta necessária para absorver o CO2.
Segundo o estudo, a superfície necessária para produzir os recursos naturais consumidos por um norte-americano médio e absorver o CO2 que emite é quase o dobro da requerida por um europeu ocidental e quase cinco vezes maior do que a de um asiático, africano ou latino-americano.
O autor do relatório, Jonathan Loh, denuncia assim que «os principais responsáveis pela contínua perda da riqueza natural nos trópicos são os consumidores das nações mais ricas das regiões temperadas do hemisfério Norte».
O relatório sublinha ainda que as emissões de dióxido de carbono representam o maior excesso sobre a capacidade natural da Terra cometida pela Humanidade e acrescenta que as alterações climáticas causadas pela crescente concentração dos gases responsáveis pelo efeito de estufa constituem um dos maiores riscos para o século XXI.