Acusado de corrupção, extorsão e abuso de poder, Avelino Ferreira Torres, ex-autarca do Marco de Canaveses e vereador em Amarante, começa esta quarta-feira a ser julgado. A testemunha chave do processo está fugida no Brasil e mostra, ao Correio da Manhã, a boca desdentada como prova da agressão alegadamente a mando de Avelino Ferreira Torres.
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Avelino Ferreira Torres, antigo autarca do Marco de Canaveses e actual vereador em Amarante, começa hoje a ser julgado por crimes de corrupção, extorsão, abuso de poder e peculato de uso, nas funções de autarca.
Uma testemunha chave do processo, José Faria, ex-motorista de Avelino, está ausente no Brasil. A família tinha-o dado como desaparecido.
Mas esta manhã, em entrevista à RTP e também ao Correio da Manhã, Faria garante que foi Avelino Ferreira Torres quem lhe pediu para se ausentar.
A testemunha conta também a agressão que sofreu alegadamente a mando do antigo presidente da câmara de Marco de Canaveses.
«Quando cheguei disseram-me que tinha que ir para o nordeste. Depois deram-me uns pontapés na cara, partiram-me uns dentes e levei mais de 40 pontos», conta Faria.
José Faria garante que «não tem dúvidas» de que a agressão foi encomendada de Lisboa, «por Ferreira Torres».
Nas páginas do jornal Correio da Manhã, José Faria mostra a boca desdentada depois da agressão que sofreu.
Faria, que funcionou como testa de ferro dos negócios alegadamente ilícitos do ex-autarca Avelino Ferreira Torres, confessa que continua com muito medo.
Faria disposto a regressar
Ainda assim diz que está disposto a regressar a Portugal
Mas pede protecção à Polícia Judiciária, tendo já enviado um carta a Ministério Público dando conta da agressão que sofreu.
Em sede de instrução, a testemunha-chave do processo acusou Ferreira Torres de o pressionar para negar na Justiça o que dissera à Polícia Judiciária (PJ) e chegar a sugerir como devia explicar a pretendida alteração de testemunho.
Contou o funcionário municipal que Ferreira Torres o induziu a argumentar que tinha recebido ameaças de morte à sua neta através de chamadas anónimas, antes de falar à PJ.
Caso José Faria seguisse esta estratégia, Ferreira Torres pagava-lhe as dívidas fiscais que contraíra, explicou o funcionário municipal.