O Movimento de Cidadãos pela Arrábida acusa o Governo e a cimenteira da Secil de falta de honestidade ao anunciar para, esta tarde, o início dos testes de co-incineração de resíduos industriais perigosos.
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No Outão, à porta da cimenteira o grupo de pessoas que esta manhã protestou contra os ensaios para a co-incineração é agora bastante mais reduzido, mas há já uma nova manifestação marcada para daqui a uma semana.
A realização dos testes estava marcada para 8 de Novembro, mas acabou por ser suspensa por ter dado entrada no tribunal administrativo de Almada uma providência cautelar para travar a iniciativa.
Na quarta-feira, o mesmo tribunal deu a conhecer a decisão de levantar o decretamento provisório dessa providência cautelar, sentença que abriu caminho para que a Secil avançasse com os ensaios para a co-incineração.
O porta-voz do Movimento de Cidadãos pela Arrábida, João Bárbara, acusou em declarações à TSF o Governo e a Secil de falta de honestidade.
«É uma decisão abjecta e desonesta pela parte do Governo e da Secil iniciar os testes de queima de lamas oleosas, que são resíduos industriais perigosos, quando decorrem acções nos tribunais e quando o tribunal de Coimbra exigiu que em Souselas tivesse que ser feito um novo Estudo de Impacte Ambiental», defendeu.
Também a Quercus pediu explicações ao ministro do Ambiente, na medida em que quer conhecer a origem e características dos resíduos que vão ser queimados.
Em declarações à TSF, Rui Berkmeier, afirma que a associação ambientalista reprova o facto da tutela não ter ordenado a realização de um novo Estudo de Impacte Ambiental.
«Lamentamos que não tenha sido feito o estudo, porque daria mais garantias e mais transparência ao processo», afirmou.
O dirigente ambientalista fez também notar as diferenças de decisão dos tribunais no que respeita à Arrábida e a Souselas.
A TSF falou igualmente com a presidente da Câmara de Setúbal, Dores Meira, que promete esgotar todos os recursos judiciais para travar o processo, mas reconhece que nesta altura nada pode fazer.
«As leis são para se cumprirem e se o tribunal vem dizer que está levantada a providência temporariamente, porque não há uma decisão final, só temos que respeitar», afirmou.
A autarca manifestou, de qualquer forma, apoio ao movimento popular que protesta contra a co-incineração de resíduos tóxicos na cimenteira do Outão e afirmou que vai estar presente nos protestos.