Foram descobertas 150 rochas com gravuras na margem portuguesa do rio Guadiana. Os trabalhos arqueológicos estão quase concluídos segundo referiu o Centro Nacional de Arte Rupestre.
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Os trabalhos arqueológicos na margem portuguesa do Guadiana contribuíram para a identificação de 150 rochas com gravuras e estão praticamente concluídos, afirmou à Lusa, Martinho Batista, director do Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART).
O responsável científico dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos desde 15 de Maio adiantou que as gravuras inventariadas datam, na sua maioria, dos períodos Neolítico e Calcolítico, tendo igualmente sido referenciada a presença de arte da idade do ferro.
A equipa de arqueólogos, que inicialmente era constituída por 18 elementos, está agora reduzida a sete e, segundo Martinho Batista, deverá concluir os trabalhos no final do mês em curso.
Os estudos em curso no Guadiana foram programados pelo Instituto Português de Arqueologia (IPA), pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA) e pelo CNART, depois de terem descoberto, em finais de Abril, três painéis de gravuras no concelho do Alandroal.
Quem descobriu os painéis foi o arqueólogo Manuel Calado e, segundo o mesmo, as descobertas englobam animais e figuras geométricas.
As gravuras estão localizadas numa faixa que se estende por mais de dez quilómetros entre a Malhada das Taliscas e Espinhaço de Cão, na área do regolfo de Alqueva, a inundar após a fase de fecho de comportas da barragem, prevista para final do ano em curso.
Na margem oposta, arqueólogos espanhóis concluíram recentemente um vasto trabalho de identificação de painéis idênticos aos agora inventariados pela equipa do CNART.
Os trabalhos de prospecção e registo, por decalque, fotografia e moldagem, deverão custar, segundo a EDIA, cerca de 35 mil contos.
Depois da albufeira estar cheia, as gravuras deverão permanecer debaixo de água, com excepção das que se encontrem em rochas soltas ou partidas.
No relatório feito após a primeira visita (30 de Abril), Martinho Batista refere que «poderão e deverão apenas ser removidas, rochas gravadas que se encontrem soltas ou partidas, painéis que poderão integrar um futuro museu regional», cuja instalação está prevista para o concelho de Reguengos de Monsaraz.
O empreendimento de Alqueva foi considerado irreversível desde 1997 e centra-se na construção da barragem, que vai criar um lago com 250 quilómetros quadrados de superfície, 83 quilómetros de comprimento e mais de mil quilómetros de margens.