As Nações Unidas lançam um relatório sobre o desenvolvimento humano e recomendam a criação de variedades de cereais mais resistentes, pois «é preciso resolver o problema da fome no mundo e esta pode ser uma via absolutamente eficaz».
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No momento em que os ecologistas intensificam a luta contra os chamados alimentos transgénicos, surge agora um relatório sobre o desenvolvimento humano das Nações Unidas, que recomenda a criação de variedades de cereais mais resistentes. É preciso resolver o problema da fome no mundo e esta pode ser uma via absolutamente eficaz.
Segundo a France Presse, o relatório das Nações Unidas sobre o desenvolvimento humano deixa a sugestão: a prioridade será criar novas qualidades de sorgo, mandioca e milho, ou seja, produtos que fazem parte da alimentação da África subsariana.
O documento diz ainda que os países mais ricos devem colaborar com os países menos desenvolvidos na exploração do potencial das biotecnologias.
O relatório reconhece que os medos em relação aos riscos dos OGM's para a saúde e o ambiente têm feito crescer a desconfiança, sobretudo dos europeus. Mas o administrador do programa das Nações Unidas para o desenvolvimento citado pela agência francesa garante que nada prova que os organismos geneticamente modificados sejam perigosos para a saúde.
Quanto ao ambiente, há ainda perguntas sem resposta. O relatório sugere por isso a continuação das investigações.
Resultados da biotecnologia
Da biotecnologia resultam plantas mais resistentes às pragas e longos períodos de seca que também são acusadas de alterarem o meio ambiente provocarem reacções alérgicas e de contribuírem para a ineficácia dos antibióticos.
Os efeitos a longo prazo são desconhecidos, mas o destaque vai para as possíveis geradas por elementos estranhos introduzidos nos alimentos e não especificados na rotulagem.
No topo dos alimentos mais submetidos a manipulações está o milho, seguido de alguns tipos de couve, algodão, abóbora, tomate e soja. Logo a seguir vem a batata, a beterraba e o tabaco.
O diário espanhol «El Mundo» revelou numa sondagem que 95 por cento dos britânicos são contra os trangénicos nas prateleiras dos supermercados. A associação médica britânica insiste mesmo num elevado nível de incertezas sobre os efeitos que os organismos geneticamente modificados podem ter na saúde dos seres humanos.
A batalha dos transgénicos é ao mesmo tempo científica e económica e os países em desenvolvimento vão ser atingidos pela onda de choque gerada na Europa e nos Estados Unidos.
Contra os perigos para a saúde pública e o impacto ambiental, outras apresentam a eliminação da fome no mundo que afecta 800 milhões de pessoas de acordo com dados oficiais das Nações Unidos.
No entanto, para o sociólogo Boaventura Sousa Santos o problema da fome reside na injustiça e na má distribuição de alimentos já que se produzem recursos suficientes para dar dois quilos de comida a cada habitante do planeta.