Um tratamento mais curto com AZT, para evitar a transmissão do vírus da imunodeficiência humana da mãe para a criança, provou ser tão eficaz como o habitual e menos dispendioso.
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A publicação especializada «New England Journal of Medicine» publica na quinta-feira o estudo efectuado sobre a matéria, sublinhando o interesse que esta nova forma de tratamento poderá representar para os países em desenvolvimento.
Actualmente, nos países desenvolvidos, o AZT é administrado à mãe contaminada entre seis a três meses antes do nascimento da criança. Seguidamente, é prescrito ao bebé durante seis semanas.
Ensaios realizados na Tailândia por investigadores norte-americanos, franceses e tailandeses mostraram que um tratamento que comece na 28ª semana de gravidez da mãe, seguido de um de três dias administrado à criança, obtém quase os mesmos resultados do que aqueles em que o bebé recebe tratamento durante seis semanas: uma taxa de transmissão de 4,7 por cento contra 6,5 por cento no segundo caso. O custo do tratamento é de 200 dólares (44 mil escudos).
«Estas novas estratégias para reduzir a SIDA nas crianças podem ser aplicadas nos países em desenvolvimento com as mesmas taxas de sucesso do que aquelas que são seguidas nos países industrializados», afirma Marc Lallemand, do Instituto francês de Investigação para o Desenvolvimento.
«Avizinha-se um grande passo para reduzir a SIDA nas crianças», acrescenta, por outro lado, Duane Alexander, directora do Instituto nacional norte-americano da saúde da criança e do desenvolvimento humano (NICHD). Segundo ela, esta técnica vai permitir fornecer tratamento a «milhões de mulheres, evitando que milhões de bebés sejam infectados com o vírus da SIDA».
Mais de 1.500 crianças nascem diariamente contaminadas pelo HIV, quase 95 por cento oriundas de países em desenvolvimento.
Em editorial, Catherine Peckham e Marie-Louise Newel, do Instituto britânico da saúde da criança, alertam para as consequências reais da descoberta, sublinhando que nos países onde os recursos sanitários são inadequados as grávidas não têm acesso aos cuidados médicos pré-natais. Notam também que falta ainda descobrir a forma de evitar a transmissão da doença através do aleitamento.