Os cientistas norte-americanos da Universidade da Califórnia, em São Francisco, encontraram uma hipótese de tratamento para a nova versão da doença de Creutzfeldt-Jakob, a variante humana da «doença das vacas loucas».
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Cientistas norte-americanos encontraram uma hipótese de tratamento para a nova versão da doença de Creutzfeldt-Jakob, a variante humana da «doença das vacas loucas» (BSE).
Dois medicamentos, utilizados habitualmente para combater o paludismo e a esquizofrenia, revelaram-se eficazes no tratamento de células de ratos infectados por priões, as proteínas responsáveis pela BSE.
Os cientistas norte-americanos da Universidade da Califórnia, em São Francisco, dizem estar a aplicar a mesma forma de tratamento a duas pessoas.
Aliás, o método parece estar a ser eficaz no caso de uma britânica, Rachel Forbes, a quem foi diagnosticada a doença de Creutzfeldt-Jakob em Junho deste ano.
Segundo o jornal britânico «The Mail on Sunday», a britânica Rachel Forbes, que chegou a estar paralisada, já consegue andar e comer sozinha depois de ter sido acompanhada pelos especialistas norte-americanos.
Os cientistas concluíram que uma mistura de dois medicamentos inibe a transformação das proteínas normais em priões, causadores da «doença das vacas loucas».
As duas substâncias em causa, utilizadas para combater o paludismo e a esquizofrenia, são legais e não tóxicas, segundo dizem os investigadores nos Procedimentos da Academia Nacional da Ciência.
O Ministério da Saúde britânico anunciou que está a ponderar a hipótese de investigar os resultados do tratamento. No entanto, um porta-voz do Ministério já disse que «há muitas questões técnicas e éticas a ter em conta».
«Temos estado em contacto com os investigadores e os resultados parecem encorajadores», afirmou o mesmo porta-voz.
«Uma hipótese», diz especialista português
Contactado pela agência Lusa, o neurologista português Cortez Pimentel, salientou o facto desta ser a primeira descoberta de substâncias com efeito positivo no tratamento da nova variante da Creutzfeltd-Jakob, mas refreou o optimismo alertando que «ainda nada passa de uma hipótese».
«Todas as hipóteses terapêuticas são extremamente desejáveis. Esta parece ter viabilidade até porque um dos medicamentos é utilizado para tratar psicoses, mas é preciso aguardar mais resultados e investigar-se a fundo», considerou Cortez Pimental, o responsável português pelo acompanhamento da doença de Creutzfelt-Jakob, citado pela Lusa.
Cortez Pimentel põe até a hipótese de Portugal participar num ensaio terapêutico do novo tratamento. «Confirmando as possibilidades desta hipótese, isto será ventilado para a comunidade portuguesa e eventualmente, apenas eventualmente, poderemos participar num ensaio terapêutico».