Os últimos 50 anos foram os mais quentes do milénio no maciço dos Himalaias, segundo um estudo a publicar sexta-feira na revista científica «Science». A acção humana é apontada pelos cientistas como causa provável para este aquecimento.
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Amostras de gelo recolhidas nos planaltos tibetanos por uma equipa internacional permitiram observar a evolução do clima na região, mostrando que «os últimos 50 anos foram os mais quentes de qualquer período similar ocorrido ao longo dos últimos mil anos», escreve o principal autor do estudo, o professor Lonnie Thompson, da Universidade do Ohio.
Três amostras recolhidas no glaciar de Dasuopu, nas vertentes da montanha de Xixabangma (8.014 metros), permitiram identificar pelo menos oito longos períodos de seca devidos à ausência de chuva, o mais catastrófico dos quais se prolongou por sete anos, entre 1790 e 1796. Os outros ocorreram nos anos de 1876, 1640, 1590, 1530, 1330, 1280 e 1230.
Os recordes de calor dos últimos 50 anos «mostram claramente um aquecimento grave ao longo do século 20, fenómeno causado, pelo menos
em parte, pela acção humana», afirmou Thompson.
Os investigadores analisaram o gelo, medindo nomeadamente as concentrações de poeiras, composição química e taxas de oxigénio e hidrogénio, para determinar a composição do ar no momento da sua formação.
Ao longo do último século, sublinham, as quantidades de poeiras quadruplicaram e as taxas de cloro duplicaram, o que indica um aumento da seca e da desertificação da região.
«Não há qualquer dúvida no meu espírito de que o aquecimento é em parte, se não totalmente, induzido pela acção humana», concluiu Thompson.