O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defende que quando se trata de energia, a União Europeia deve falar a uma só voz.
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O presidente da Comissão Europeia participou, esta segunda-feira, numa conferência do Diário de Notícias, onde apresentou um esboço do pacote de medidas destinadas a estabelecer uma política energética comum que Bruxelas deverá apresentar em Janeiro.
A procura mundial de energia está a aumentar, o planeta enfrenta os riscos do aquecimento global e a União Europeia é o maior importador de energia do mundo.
Perante este cenário, Durão Barroso quer diminuir em 20 por cento o consumo de energia na Europa até 2020. Para isso, considera este responsável, é preciso que a Europa fale a uma só voz.
Durão Barroso considera que actuando em conjunto a UE tem força para proteger e afirmar os seus interesses num mundo cada vez mais concorrencial em termos de recursos energéticos.
A UE é já o maior importador e o segundo maior consumidor de energia a nível mundial, tendo uma dependência energética do exterior de 50 por cento, valor que pode subir para 70 por cento em 2030.
O responsável alerta por isso para o absurdo e para o perigo de se manter 27 minimercados europeus de energia, ao invés de um só.
Durão Barroso defende, especialmente, em matéria energética, esta frente unida dos Estados-membros face à Rússia, com a qual espera estabelecer um novo acordo de parceria.
O presidente da Comissão Europeia pretende acelerar a transição da Europa para uma economia com baixa emissão de gases poluentes para a atmosfera.
Durão Barroso alerta para o facto de estar em risco o objectivo da UE de baixar as suas emissões de gases com efeito de estufa para 5 por cento abaixo do nível de 1990.
As emissões têm aumentado e não diminuído e ao ritmo actual, a UE não vai conseguir atingir essa meta, considera.
Estados-membros que recorram ao nuclear podem contar com apoio UE
Nesta ocasião, o responsável adiantou também que os Estados-membros da União Europeia que decidirem recorrer à energia nuclear podem contar com o contributo da UE, nomeadamente na investigação e segurança.
«O debate sobre energia nuclear na Europa não deve ser um tabu», afirmou.
«Cabe aos Estados-membros, não à Comissão Europeia, decidir se recorrem ou não à energia nuclear, mas a comunidade pode dar um contributo àqueles que o desejarem», acrescentou.
A energia nuclear é, segundo Durão Barroso, um dos quatro pilares da política da Comissão para reduzir as emissões de dióxido de carbono na UE.
Os outros são o aumento da eficiência energética, o recurso a fontes de energia renováveis e o uso de «hidrocarbonetos limpos».
Sócrates defende liberalização do mercado da energia europeu
O primeiro-ministro, José Sócrates, também presente nesta conferência voltou a defender a liberalização do mercado da energia europeu.
«Um modelo de mercados nacionais protegidos com uma suposta concorrência condicionada por limitações administrativas às actividades das empresas e ao seu crescimento orgânico e em que o funcionamento do mercado esteja sujeito a quadros regulatórios dependentes do poder político e sem qualquer cooperação e coordenação a nível comunitário seria um erro», afirmou.
Para o chefe de Estado a alternativa mais positiva para a Europa será um «modelo multipolar, de operadores energéticos com localizações territorialmente desconcentradas e com massa crítica suficiente para se afirmarem como competidores efectivos» no mercado europeu.