Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, detectou que uma percentagem significativa de grávidas apresenta falhas no que respeita à vacina contra o tétano.
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Um estudo inédito, realizado por investigadores do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), concluiu que uma percentagem significativa de grávidas portuguesas apresenta falhas no que respeita à vacina contra o
tétano.
O esquema vacinal recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha para, pelo menos, cinco doses de toxóide tetânico até engravidar, sendo que um dos reforços deve ser feito no início da idade fértil.
No entanto, o estudo do INSA revela que apenas uma parte das mulheres respeita este calendário, como explicou à Lusa, Maria Augusta Santos, que em conjunto com Guilherme Gonçalves, é uma das autoras do estudo sobre os níveis de anticorpos protectores contra o tétano, medidos no sangue das parturientes e seus filhos recém-nascidos.
A investigação concluiu que «não é necessário mudar os protocolos de vacinação recomendados em Portugal». O que continua a ser necessário é que os profissionais de saúde «não se esqueçam da importância de manter o esquema vacinal anti-tetânico dos adultos e, em especial, das grávidas».
De acordo com declarações de Maria Augusta Santos, havia uma necessidade de averiguar o estado de vacinação das grávidas, pelo que foram sujeitas a estudo, 96 mulheres nestas condições, cujos partos ocorreram no Hospital de São João, Porto.
A importância da vacina contra o tétano é «muito grande», nomeadamente «por causa do tétano neonatal, mortal nos bebés e causadores de grandes deficiências neurológicas quando a criança sobrevive», explicou a investigadora do INSA.
Ao não ter imunidade, o que pode acontecer se não for respeitado o esquema vacinal, a grávida corre o risco de não a transferir ao bebé.
Maria Augusta Santos aponta características que estão na origem de algumas das falhas encontradas, nomeadamente acessibilidades deficitárias que dificultam, em alguns casos, a ida às instituições de saúde para a toma da vacina.
As mulheres que vivem nos centros urbanos apresentam, por isso, um calendário vacinal mais rigoroso.
Registaram-se casos de grávidas que tinham recebido uma única toma da vacina, normalmente administrada ainda na infância. Mas também se revelaram casos de mulheres que, por terem perdido o boletim de vacinas e numa atitude de evitar faltas, tomaram em excesso, a dose preconizada da vacina, identificada no sangue da criança.
Um nível sócio-económico mais baixo é também sinónimo de maiores falhas vacinais, referiu a investigadora. A idade das grávidas também tem importância, havendo casos de mulheres, na faixa dos 40 anos, que nem sequer durante a infância foram obrigadas a tomar a vacina contra o tétano.
Justifica-se esta situação com o facto do Programa Nacional de Vacinação só ter entrado em vigor em 1965. Actualmente, as taxas de cobertura vacinal são superiores a 95 por cento.
No entanto, no caso do tétano, apenas uma cobertura vacinal de cem por cento pode evitar os casos que ainda ocorrem em Portugal.